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(pt) A BATALHA #199: Carta aos homens mascarados
From
jornalabatalha@hotmail.com
Date
Sun, 13 Jul 2003 15:09:45 +0200 (CEST)
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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
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Poderá parecer uma verdade La Paliciana, mas a melhor forma de aferir que
uma coisa é melhor que a que substitui é nós sentirmos que ela é melhor.Eu pergunto aos democratas, pergunto aos socialistas e aos cristãos,
pergunto a toda essa gente dos direitos humanos, pergunto aos economistas,
aos catedráticos, a todos aqueles de elevado saber que ganham prémios e
doutoramentos, àqueles que juram pelo seu deus, pela sua honra; eu
pergunto... sois democratas, sois gente civilizada, sois ternos e
acariciais as vossas crianças, tendes valores e princípios, sois éticos,
moralistas e tudo o mais que em semelhante esteira agora não me ocorre. É
assim, não é? Mas a pergunta reservo-a para um após resenha que se
confrontará com tão elevados atributos; entretanto, enquanto fixo a ideia
de que estar melhor é nós sentirmos que se está melhor, adianto a breve
história de um menino, ocorrida num contexto de ausência dequalquer sopro democrático ao tempo em que elites, reconhecidamente
indignas, semeavam de bruteza e ameaças o quotidiano das gentes simples: a
mãe e o pai iam trabalhar, ficando ele ao cuidado de um irmão um nada mais
velho; acontecia que quando o pequenito chorava e o mais velho não
encontrava forma de o sossegar, pegava nele, como podia a força dos seus
bracitos, e levava-o à fábrica onde a mãe trabalhava para que esta lhe
desse de mamar; e isto podia acontecer mais do uma vez ao dia. Confirmo,
na qualidade do personagem mais novo da história, que apesar da rudeza dos
mestres e do despotismo dos patrões - anos quarenta do século vinte -
ausentar-se uma mulher , para tanto, do local de trabalho, era um acto
incontestavelmente consentido. Quem saberá, se ao tempo, ainda os
espíritos não seriam animados pela sagração pagã da maternidade? Há coisas
que teremos de chorar muito por as termos deixado perder.Dá-se então a queda dos brutos e, como um sol lindo numa manha de
promessas, perfila-se no horizonte a chegada dos democratas; socialistas
uns, cristãos limpos outros, humanistas todos. Movidos por tão dignos
princípios agarram-se ao leme da barcaça e ei-la singrando por mares de
cautela e de reformismo iluminado. Porém, aquela é história verídica,
onde, apesar da densidade sufocante os sentimentos de humanidade viviam à
flor da pele. Quanto se estava, então, longe de certo farejar canino,
obsessivamente em busca de alguma mulher grávida para, sobre ela, desferir
a prepotência do despedimento humilhante, como sacrifício a um novo
sagrado - desta vez económico - empapado do mais inqualificável cinismo,
conversa de seres humanos em recursos a alimentar fogos de caos e absurdo,
para os quais a sordidez dos jogadores desconhece limites. Cristãos,
socialistas, democratas; atributos estimulantes, sem dúvida... Mas eu
mantenho a minha: estar melhor é nós sentirmos que se está melhor. E
garanto- vos, porque vivo fora do vosso mundo de autocontentamento, que,
convivendo eu com o mais comum das pessoas, a dúvida ganha foros de
senhoria e a nublosa dos discursos e da publicidade vigaristas é
ridiculamente insuficiente para ocultar a dimensão do desvario. A vossa
insolência começa a doer e, sem que de tal vos avise o discernimento, ela
própria cerca-vos como o corrosivo que vos vai abrir a cova.Quem sois então? Já que os vossos passos soam paradoxalmente à insinuação.
De que gestação saíste? Que fome de quê é essa que vos leva ao esmero de
tão escabrosa negatividade? Que civilização, que chora e regateia o
pagamento à mulher, enquanto trabalhadora, mas que, entretanto, é
entusiasta e disponível para pagamentos substanciais quando ela resvala no
vosso plano inclinado e, vulgarizando-se, comercializa a visão das pernas
ou dos cabelos? E esta é a pergunta.João Santiago
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