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(pt) Spaine, EMBAT: Entrevista com OSL - Organização Socialista Libertária - do Brasil[Parte 3] (ca, de, en, it, tr)[traduccion automatica]

Date Thu, 14 Nov 2024 08:50:56 +0200


O que se segue é a terceira e última parte da entrevista que conduzimos com a organização irmã no Brasil OSL (Organizazione Socialista Llibertaria). Esta parte foca em: Diretrizes e trabalho da OSL. Tentando aprofundar as tarefas específicas que desempenham no seu trabalho político. ---- Você pode recuperar as partes anteriores: Primeira (OSL e sua concepção de anarquismo) e Segunda (Cultura, história e lutas brasileiras) ---- Eles conseguem explicar seu conceito de poder popular? ---- A construção de um poder popular autogerido é a base da nossa concepção estratégica. Requer uma estratégia geral que envolva, para as classes oprimidas, uma transformação da sua capacidade de realização em força social e, em seguida, uma transformação da força social em poder. Veja como entendemos esse processo.

Para nós, as classes oprimidas têm capacidade de realização, ou seja, potencial ou possibilidade de produção de força social. Ao colocarem em ação essa capacidade, tornam-se uma existência material/real e formam uma força social, ou seja, essa energia aplicada nos conflitos sociais para atingir determinados objetivos. Os trabalhadores que não estão organizados e não participam de movimentos e lutas não produzem força social. Portanto, quando organizamos ou fortalecemos movimentos populares, estamos fazendo exatamente isso: dando materialidade ao potencial transformador das massas; colocar em jogo uma força que, em conflito com outras forças, estabelecerá relações de poder e determinará a forma da realidade social.

Mas não basta construir uma força social. Esta força precisa crescer para lidar com as outras forças em jogo. Portanto, uma tarefa importante é encontrar formas de aumentar permanentemente esta força, seja através do crescimento da vida, da otimização da força, do desenvolvimento de capacidades, da gestão de recursos, etc. Acontece que para os anarquistas em geral, e a OSL não é diferente, não se trata de fazer nada para aumentar essa força. Isto é o que fazem aqueles que hipotecaram os seus princípios em favor do pragmatismo. Esta força deve ser aumentada, mas de acordo com determinados critérios estratégicos, programáticos e éticos. Porque são estes meios que vão indicar os fins que queremos construir.

Isto exige defender e promover uma linha de massas nestes movimentos, muitas vezes em disputa com outros setores, correntes, etc. Esta linha - que, como dizemos, tem semelhanças com o sindicalismo revolucionário - inclui alguns elementos importantes.

Fortalecer as organizações de base em todos os setores (sindical, comunitário, agrícola, estudantil, etc.). Garantir a força e o destaque dos trabalhadores de base. Não subordinar movimentos a posições políticas ou ideológicas (sindicato anarquista, movimento estudantil anarquista, etc.). Lutar pela independência de classe contra todas as instituições e pessoas que exercem relações de dominação com os movimentos ou promovem a sua dependência (empregadores, Estado, partidos, igrejas, ONG, etc.).

Cultivar permanentemente a solidariedade de classe, evitando a mobilidade social de indivíduos ou setores e apostando na transformação estrutural e revolucionária da sociedade. Fortalecer as lutas e conquistas sociais através de mobilizações combativas, para que as lutas e conquistas imediatas (reformas) apontem para um horizonte transformador e revolucionário (revolução). Enfrentar as instituições inimigas através de movimentos populares, o que significa promover a acção directa e desenvolver a política dos trabalhadores nas suas próprias instituições. Lembre-se que o Estado é uma instituição das classes dominantes e que tem a capacidade de produzir uma classe dominante: a burocracia.

Garantir o protagonismo dos trabalhadores, com decisões amplamente participativas tomadas pelas bases, pois isso fortalecerá os trabalhadores. As lutas e os movimentos são espaços para a criação de um novo sujeito revolucionário e de uma nova sociedade; esse sujeito não é produzido automaticamente pela estrutura desigual da sociedade ou pelas vanguardas autoritárias, cuja submissão às bases produz sujeitos incapazes de promover a transformação que buscamos.

É a força social produzida pelas classes oprimidas nesta linha que consegue se impor às demais (revolução social) e estabelecer uma forma de autogestão ou poder libertário, ou seja, esse equilíbrio temporário que se estabelece quando existe essa superposição de forças. Poder que pode basear-se na dominação (como no caso do capitalismo, nas experiências "socialistas", etc.) ou na autogestão e no federalismo. Nosso objetivo final é o socialismo libertário, com uma socialização generalizada (econômica, política, cultural), o fim das classes e de todas as formas de dominação. Somente numa sociedade assim o poder popular será plenamente consolidado.

Você pode nos dar exemplos específicos?

Vejamos como esse conceito de poder popular é aplicado, por exemplo, no movimento habitacional. A primeira é que existe um enorme contingente de trabalhadores que não tem acesso à moradia ou à moradia digna. E é uma pequena minoria que se articula nos movimentos habitacionais. Vemos que existe toda uma capacidade de realização que não foi transformada em força social. Se pensarmos que é estratégico trabalhar com este setor, o primeiro passo será, por um lado, pensar em formas de organizar essas pessoas desorganizadas, de criar lutas, movimentos, etc. Por outro lado, precisaremos também de mapear os movimentos existentes, avaliar estrategicamente as suas perspectivas e, se necessário, participar neles promovendo o nosso programa.

A maior parte dos movimentos habitacionais brasileiros concentra-se na organização dos moradores de rua, com o objetivo de construir uma força social destinada a disputar o Estado por meio de eleições. Esses movimentos costumam ser articulados por partidos que fazem dos moradores de rua a base para as eleições ou o que chamamos de "currais eleitorais". Esses políticos prometem que quando forem eleitos (vereadores, deputados, senadores, etc.) defenderão a agenda habitacional no parlamento. Mas já sabemos como essas coisas funcionam.

No caso da participação em movimentos com esta perspectiva, será fundamental combater este sector partidário e esta relação de dominação entre partido e movimento. Caberá a nós também promover esta forma autogestionária de construção das lutas e do próprio movimento: lutar por assembleias permanentes, para que as bases sejam incentivadas e capacitadas a participar, para que a liderança seja legítima e responda aos interesses das bases, etc.

Será também crucial promover a nossa concepção revolucionária, que é a mais eficaz mesmo para obter ganhos imediatos e, por sua vez, exercer pressão sobre os governos. Tentamos promover a ideia de que qualquer conquista imediata dentro do capitalismo-estatismo será vulnerável e será arrebatada na primeira oportunidade pelas classes dominantes.

Lembramos que quem está desorganizado num movimento ou não tem programa é utilizado por outras forças. Reproduzem as posições dos outros, tornam-se a linha auxiliar dos outros, mesmo que não saibam disso.

Veja como esse e outros tipos de movimento funcionam. Participe na prática política quotidiana e confronte-a. Avaliar em que sectores, as forças em jogo, como nos posicionarmos internamente (aliados, adversários, etc.) e como avançar o nosso programa. É importante mencionar que existe um duplo movimento da nossa parte: trabalhadores que já estão em determinado setor (por exemplo, uma categoria profissional), que se tornam anarquistas, e trabalham para articular esse setor; mas também setores que consideramos estratégicos e que movimentam a militância para o trabalho, visando avançar nos esforços estratégicos e também promover o anarquismo para determinada militância.

Para a OSL, o que significa o anarquismo para os povos que habitam o território do Estado brasileiro?

O Brasil é um país com mais de 200 milhões de habitantes e sua composição interna é complexa e diversificada. Se entendermos "povo" não no sentido liberal-burguês (como a totalidade desta população), mas de forma classista, como fizeram muitos anarquistas na história, podemos dizer, de acordo com uma análise que elaboramos há algum tempo, que as classes oprimidas brasileiras têm uma diversidade importante.

Atualmente, existe uma maioria de proletários urbanos e rurais (75% da população), mas com condições de trabalho e de vida muito diferentes: assalariados, autônomos, trabalhadores precários; setores privado, público e outros, que vivem na cidade e no campo, etc. Há também um contingente significativo de agricultores e povos tradicionais (10% da população), também diversos: pequenos proprietários, arrendatários e ocupantes ilegais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, etc. Por fim, há um número menor de pessoas completamente marginalizadas (2% da população), o que inclui aqueles em situação análoga à escravidão, presos, moradores de rua, etc. Esta situação de classe é profundamente atravessada por questões de raça, género, etnia e sexualidade.

Em outras palavras, no Brasil temos que lidar com esta realidade complexa e profundamente diversa de povos ou classes oprimidas. O desafio que temos que enfrentar é que estas classes estão, na maioria dos casos, desmobilizadas. E quando mobilizados, ficam envolvidos em inúmeras questões e engajados em lutas setoriais, parciais, etc. Existem formas erradas de lidar com esta situação que têm sido adoptadas por sectores da esquerda. Podemos dar alguns exemplos.

1.) Escolher antecipadamente um setor supostamente revolucionário, seja o proletariado industrial urbano, devido à sua posição no modo de produção, ou os marginalizados, porque não têm nada a perder; isso limita severamente a força social do nosso projeto. 2.) Mobilizar diferentes setores com diferentes bandeiras de luta, através de inúmeros movimentos isolados que nada têm que os unifique, e quando trabalham questões que vão além de classe, o fazem numa perspectiva policlasse; isto reforça a fragmentação e reduz enormemente o potencial transformador destas lutas. 3.) Trabalhar com um classismo reducionista, deixando questões como raça e gênero para outro momento ou ignorando-as e entendendo que de alguma forma é possível mobilizar os trabalhadores no Brasil sem abordar essas questões; isto complica a nossa capacidade de mobilização e envolvimento.

Entendemos que é necessário afastar-se dos modelos estatísticos homogeneizadores e, ao mesmo tempo, garantir determinados posicionamentos capazes de dar unidade a esta diversidade. Ou seja, precisamos, por um lado, romper com o apagamento ou silenciamento de determinadas classes e frações de classe, bem como de suas lutas e reivindicações. Para nós, o federalismo autogestionário é um modelo de organização que pode apoiar a construção de uma frente de classes oprimidas, abrangendo toda a sua diversidade. Mas, por outro lado, precisamos também de romper com o isolamento, reconstruir o tecido social e, sobretudo, unificar as diferentes lutas numa perspectiva transformadora, para que sirvam a construção do socialismo libertário que almejamos.

Estas são as razões pelas quais defendemos um feminismo e um anti-racismo que sejam simultaneamente libertários, classistas, revolucionários e internacionalistas. São elementos fundamentais do nosso projeto de autogestão do poder popular.

Ato contra o PL 1904, Belo Horizonte
Como a OSL se relaciona com os movimentos sociais e populares? Em quais lutas a organização participa?

Antes de mencionar os sectores e lutas em que estamos presentes, pensamos que é importante voltar à nossa estratégia de tempo limitado, acima mencionada. Esta ampla estratégia tem norteado todo o nosso trabalho social particular nos diferentes movimentos.

Partimos da nossa leitura da realidade, que mostra que houve um avanço considerável do neoliberalismo nos últimos anos. Isto levou a duros ataques às poucas medidas de bem-estar que existiam, através de "reformas" (ataque/retirada de direitos) em áreas como emprego, segurança social, etc. E também maior pressão das classes dominantes sobre as classes oprimidas.

A extrema direita tem vindo a crescer, entre outras coisas, porque se alinhou com esta visão radicalizada do neoliberalismo e atraiu assim uma parte significativa dos interesses do grande capital. E também por um discurso abstratamente antissistêmico ("contra tudo o que existe"), que mobiliza uma base popular, ao mesmo tempo vítima deste processo de fortalecimento do neoliberalismo. A "resposta" que tem sido oferecida pelo campo social-democrata/social-liberal (Petismo e campo democrático-popular) baseia-se na conciliação de classes e no deslocamento para o centro do espectro político, para defender o "Estado Democrático de Direito", as "instituições", etc. E isso corroeu ainda mais o seu projeto já muito moderado e também político.

Perante esta situação de médio prazo, desenvolvemos uma estratégia para um período de tempo limitado (entre a tática e a estratégia geral). Propõe construir/fortalecer uma esquerda radical e combativa, à esquerda do PTismo, que priorize a crítica e a análise anticapitalista e revolucionária, bem como os conflitos e confrontos de classes. Isto requer obviamente alianças com outros sectores e coloca-nos no papel de oposição de esquerda ao projecto democrático-popular. Embora esse campo (radical, anticapitalista, revolucionário) sempre tenha existido no Brasil, nas últimas décadas de hegemonia do PT na esquerda, ele se enfraqueceu mais do que em outros tempos. Hoje é uma minoria na sociedade brasileira, tanto na esquerda dentro do Estado como fora dele.

Esta estratégia também se propõe, ao mesmo tempo, disputar a linha deste campo, reforçando elementos do nosso programa como ação direta, independência e consciência de classe, e apontando a necessidade de avançar num projeto de poder popular autogerido. Isto mostra um pouco que, a médio prazo, o nosso objectivo é recuperar o vector social do anarquismo, uma linha e influência de massas; em outras palavras, fazer do anarquismo uma força considerável entre os trabalhadores brasileiros.

Tendo em mente que a OSL é uma organização de trabalhadores (anarquistas), que estes trabalhadores estão envolvidos em diferentes setores, movimentos e lutas das classes oprimidas, e que o trabalho social (de base, de massa) está no centro das nossas prioridades estratégicas, todos os militantes da organização contribuem diariamente para promover estas linhas nas frentes sindical, comunitária/agrária e estudantil. Em termos geográficos, a nossa presença nos movimentos e lutas destes sectores anda de mãos dadas com a nossa presença nacional, como acima mencionado. Temos maior presença nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país (devido à nossa constituição como organização) e caminhamos gradativamente em direção ao Sul, Nordeste e Norte.

No setor sindical, aliámo-nos a estes setores mais radicalizados. Temos combatido o sindicalismo de direita, como a Força Sindical, e também a complacência da CUT, CTB, etc. Realizamos constantemente trabalhos de base em nossas categorias, articulando, mobilizando, estimulando as perspectivas de organização, luta e mobilização. Isto é feito em quatro circunstâncias diferentes. 1.) Em alguns casos, atuamos como oposição (quando não estamos na liderança, porque perdemos ou não concorremos em eleições sindicais importantes); 2.) Nos outros casos, agimos conforme a situação (quando fazemos parte da gestão, porque ganhamos as eleições sindicais maioritárias); 3.) Há também casos em que atuamos com presença proporcional na gestão (quando o sindicato não tem eleições majoritárias, mas proporcionais, e inclui na sua gestão todas as forças políticas do sindicato); 4.) Por fim, nos casos em que há muita repressão na organização dos trabalhadores, optamos pelo sindicalismo clandestino, articulado fora da estrutura oficial do sindicato.

Nosso trabalho sindical tem se concentrado em diversos setores e categorias, tais como: educação pública e privada (trabalhadores e professores); bem-estar, saúde e assistência social; serviços de transporte; jornalismo; pesquisa e tecnologia. Embora não tenhamos uma militância orgânica, mantemos contactos estreitos e laços de solidariedade com os trabalhadores do setor industrial, como os metalúrgicos. E recentemente, estivemos envolvidos na luta dos trabalhadores uberizados (entregadores e Ubers). Nosso trabalho envolve trabalhadores formais, terceirizados, trabalhadores de meio período e trabalhadores precários em geral.

No sector comunitário, o nosso trabalho é um pouco mais difuso e está distribuído por diferentes movimentos urbanos e periféricos, cuja actividade gira principalmente em torno da organização de bairros/regiões e das lutas pela habitação (ocupações de terrenos e edifícios, lutas contra despejos e acesso para serviços, etc.). Em alguns casos, participamos em movimentos já existentes, com linhas políticas e estratégicas diversas (por vezes somos a força maioritária e noutras a minoria), e noutros construímos nós próprios os movimentos, tendo maior influência nas linhas, como é o caso é o caso do Movimento de Organização de Base (MOB) em determinadas localidades.

Atuamos também no campo, com movimentos rurais e lutas de trabalhadores, agricultores e povos indígenas. Entre trabalhadores e agricultores, temos participado de movimentos com bandeiras que incluem lutas contra o agronegócio e os latifúndios; pelo acesso à terra e às condições de permanência no campo; reforma agrária radical e produção agroecológica de alimentos. Pela existência mais restrita dos movimentos rurais, e também graças a contextos muitas vezes marcados pela violência e pela repressão, temos participado de movimentos mais amplos, de âmbito nacional, mas que estão sob a hegemonia do petismo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Neste caso, a nossa opção é construir uma posição alternativa dentro dos próprios movimentos, em que, em alguns casos, constituímos apenas a base e, noutros, temos posições nas estruturas.

Apoio às famílias da: Ocupação dos Queixadas, Cajamar, na Grande São Paulo
No movimento indígena estamos presentes em algumas cidades, em algumas cidades e em algumas organizações regionais e nacionais. Contribuímos para a reorganização que o movimento sofreu nos últimos anos e tentamos romper com posições que se limitam ao bem-estar e à ação institucional. Certos setores do movimento já possuem uma cultura de autonomia e resistência próxima às nossas linhas, o que facilita muito o nosso trabalho.

O trabalho rural permitiu-nos conectar a luta de classes de forma mais direta com outras questões. Por exemplo, no litoral, nosso trabalho junto aos povos indígenas articulado com outras frentes tem tomado como ponto fundamental a proteção da Mata Atlântica brasileira, então este trabalho adquire ao mesmo tempo uma perspectiva ecológica. Trabalhar com agricultores e pequenos produtores do campo tem permitido assumir demandas como a soberania alimentar, o fim dos agrotóxicos na produção de alimentos, a necessidade de preservação do solo, etc.; e isso também acrescenta outros elementos relevantes às nossas lutas.

No setor estudantil e juvenil, estamos presentes em universidades públicas e privadas, bem como entre jovens de periferia que estão (ou não) na escola e/ou não frequentaram a universidade. Em alguns casos atuamos em movimentos e tendências que nós mesmos construímos, e em outros fazemos parte de movimentos mais amplos, tentando priorizar aqueles que têm maior afinidade com a esquerda radical. Nas universidades, temos defendido a educação pública sob controlo dos trabalhadores, a retenção dos estudantes e lutado contra a influência neoliberal e privatizante. Nas periferias trabalhamos com os jovens, organizando principalmente os bairros periféricos através de atividades culturais de capoeira, música, eventos, etc., e tentando avançar para a construção de lutas mais diretas, por moradia por exemplo, e para a organização de base através de lutas populares periódicas. assembleias que abordam questões locais e a situação nacional.

É importante mencionar aqui que optamos por não ter frentes dedicadas exclusivamente a questões de género/sexualidade e raça/etnia, porque acreditamos que estas questões são transversais a todas as frentes e devem ser abordadas por todos os activistas em todos os lugares. onde trabalhamos. Assim, todos os activistas - sindicais ou estudantis, por exemplo - são também activistas em questões de género/sexualidade e raça/etnia nos seus locais de trabalho ou estudos.

Se colocarmos mulheres, LGBT+s, negros, indígenas, etc. trabalhar apenas nessas questões, isso significaria, por um lado, que o trabalho sindical, comunitário/agrário e estudantil ficaria restrito a uma maioria de homens, brancos, etc.

por outro lado, encorajaria a opinião de que apenas as mulheres deveriam promover o feminismo, os negros deveriam promover o anti-racismo, etc. Se colocarmos esses colegas (mulheres, negros, LGBT+, etc.) no comando das frentes sindicais e comunitárias, isso os sobrecarregaria. Significaria ter dois empregos, enquanto aqueles que não pertencem a estes sectores sociais historicamente oprimidos teriam apenas um.

Para evitar estes problemas, a nossa linha sobre questões de género, sexualidade, raça e etnia é que elas devem ser permanentemente promovidas em todas as nossas frentes e em todo o nosso trabalho: nos locais de trabalho, nos bairros, nos assentamentos, nas universidades, etc. Claro, isso não exclui a existência de espaços exclusivos que são convocados quando necessário para tratar de determinados temas que requerem este tipo de fórum. A OSL possui um secretariado responsável por estas questões, que não só orienta a organização a nível político, mas também contribui para o desenvolvimento de diretrizes que apoiam o trabalho social na linha de frente. Esta linha também contribui para o nosso envolvimento em outras mobilizações nacionais e internacionais, como a luta em defesa da Palestina.

Por fim, é importante mencionar que, na realidade, essa divisão ou separação em frentes que utilizamos serve apenas como solução organizacional para articular o trabalho. Ou seja, entendemos que só existe um conjunto de classes oprimidas para organizar, independente de onde ele esteja. É por isso que não consideramos os diferentes setores, movimentos e lutas como concorrentes entre si, nem os tomamos isoladamente. Eles sempre podem se relacionar e convergir, algo que incentivamos constantemente. Como dissemos, este é um aspecto importante do nosso projeto de energia. Devemos estar atentos às especificidades locais, mas sem esquecer de fazer com que esses diferentes esforços apontem para um movimento amplo, uma frente de classes oprimidas, um projeto de poder autogestionário.

NOTA: agradecimento especial, além doOSL, ao som de Libertários Batzac-Joventutsque colaboraram na re-correção , para sua publicação.

https://embat.info/entrevista-a-osl-organitzacio-socialista-llibertaria-de-brasil-part-3/
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