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{Info on A-Infos}
(pt) Brasil, MANIFESTO DE FUNDAÇÃO DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA DO RIO DE JANEIRO
From
a-infos-pt@ainfos.ca
Date
Fri, 5 Sep 2003 16:47:17 +0200 (CEST)
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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
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Manifesto lido no ato de fundação da FARJ, sábado, 30 de agosto de
2003.
Irmãos e irmãs de ideal,
Companheiras e companheiros que compartilham conosco a luta por
justiça, igualdade e liberdade:
Hoje nos reunimos para, reafirmando a espe-rança na dignidade que nos
torna humanos, levantarmos a nossa já antiga, e sempre renovada, bandeira do
Anarquismo Organizado. Levantamos esta bandeira porque assim manda a
nossa consciência, na certeza de que todos que olharem para ela com a
coragem de realizar a utopia, terão o mesmo valor, dentro desta igualdade
proporcionada pela compreensão profunda do anarquismo, e por sua
imprescindível vivência coletiva.Afirmamos o Anarquismo, confrontando a hipocrisia e o egoísmo desta
sociedade corrupta e decadente, com a certeza de que a vida é o mais
importante, e que as coisas não precisam ser como são. Nesta convicção,
colocamos toda a nossa vontade de trans-formação, e dela vem nossa
força que quer ver este mundo velho balançar, e desaparecer. Porque a noite
escura passará, e nós trabalharemos para ver o amanhecer.
Entendemos que o Anarquismo, na radicalidade de sua proposta
libertária, deve apresentar-se enquanto opção de organização e luta
não-autoritária. Porque, assim como os fins estão nos meios, a
sociedade do futuro nascerá de nossa capacidade de realizar, a partir de
agora, cotidianamente, as generosas aspirações que o Anarquismo, ao longo
de várias gerações de luta e esforço militante, legou a humanidade. As raízes da Federação Anarquista do Rio de Janeiro lançam-se
profundamente no solo das lutas do nosso povo, neste canto da América
Latina. Muitas vezes, em esforços aparente-mente infrutíferos e regando a
terra seca com suor e sangue que pareceram perdidos, para colhermos hoje o
que trabalharemos para transformar em pão. Outras vezes, pequenas e
grandes vitórias que lembraremos sempre e com alegria, dando-nos força
paraprosseguir a luta atual.
A nossa história remonta às grandes lutas das primeiras décadas do
século passado: a orga-nização dos primeiros sindicatos e federações;
as lutas pelas 8 horas e contra a carestia; a greve de 1917; a
Insurreição Anarquista de 1918 e os congressos operários.
Lembramos ainda, que há exatas 8 décadas, em agosto de 1923, o
operariado organizado do Rio de Janeiro re-fundava sua Federação local.
O país estava em estado de sítio, a perseguição po-licial acirrada, as
deportações freqüentes e, para completar o cenário desfavorável, os
bolchevistas locais unidos aos pelegos cooperativistas agindo contra os
principais militantes e sindicatos libertários. Mas nada disso impediu o
crescimento da FORJ nos meses seguintes. A dedicação, o afinco e o
compromisso com a luta destes companheiros e companheiras superou os
obstáculos e calou aqueles que diziam que o Anarquismo estava superado
como forma de luta. Apenas a repressão feroz que se seguiu a revolta
militar de 5 de julho de 1924, quando todos os sindicatos foram fechados e
os principais militantes presos ou deportados, interrompeu esse afã
organizativo. Hoje, quando aqui fundamos a FARJ, homenageamos esses
companheiros e companheiras, buscando em seus passos inspiração e forças
para construir a nossa organização.Relembramos também a luta dos anarquistas contra o fascismo dos
"galinhas verdes" nos anos 30. Perdidos os sindicatos após o Estado
Novo, a resistência mantida nas páginas do jornal Ação Direta e no
Centro de Estudos Prof. José Oiticica (CEPJO), fundado em março de 1958.
Mesmo após o golpe militar de 64, o CEPJO permaneceu aberto até ser
assaltado pela Aeronáutica em outubro de 1969. Muitos de seus membros
foram presos e alguns jovens companheiros e companheiras do Movimento
Estudantil Libertário (MEL) sofreram torturas nos porões da ditadura.Nos anos 70, auge da ditadura, contra todas as expectativas, negando o
cinismo que afirma a inexistência do anarquismo no Brasil de então, o
"nosso velho" Ideal Peres, junto com sua companheira Esther Redes, criaram
um grupo de estudos do anarquismo em sua própria casa, recebendo jovens e
velhos militantes. Em 1985, surgiu o Círculo de Estudos Libertários (CEL), berço de vários grupos, como o Grupo Anarquista José Oiticica (GAJO) e o
Grupo Anarquista Ação Direta (GAAD), cujas experiências e militância
geraramo acúmulo necessário para várias realizações, tanto publi-cações como a
revista Utopia, o informativo Libera...Amore Mio e o jornal O Mutirão,
quanto as primeiras experiências de inserção social, nos movimentos de
ocupação e sindical, e em manifestações e enfrentamentos de rua. Na
virada de 92 para 93, os anarquistas estavam na linha de frente, na
organização e no apoio à ocupação do Edifício Sede da Petrobrás por
companheiros e companheiras petroleiros demi-tidos, luta esta que
continua até hoje.
Em 1995, iniciam-se as primeiras experiências de organização da luta
dos trabalhadores rurais e urbanos pelo direito à terra e ao trabalho
digno. A partir deste ano, várias ocupações aconte-ceram, na cidade e
no campo. Algumas perma-necem até hoje, como verdadeiros bairros, com
mais de 5.000 moradores, que ainda lembram suas origens, ou como
assentamentos rurais que são exemplo e referência pelo trabalho dos
pró-prios assentados, no movimento de luta pela terra no Rio de Janeiro.
Desta experiência de inserção, chegamos a ter companheiros anar-quistas na
direção nacional de entidades como o Movimento Nacional de Luta por
Moradia (MNLM), e a Central de Movimentos Populares (CMP), e o mais
importante, com apoio e delegação das comunidades de base. Logo no início destas experiências, surgiu a necessidade de uma
organização específica de anarquistas, trazendo e atualizando a ideologia
para as novas realidades da luta. O Grupo Mutirão participa da criação da
"Construção Anarquista Brasileira", que visava coordenar os trabalhos de
inserção desenvolvidos por grupos anarquistas em diversas partes do país.
Fomos pioneiros, também, nos contatos com a Federação Anarquista Uruguaia (FAU), na introdução da proposta de organização específica/anarquista
no Brasil, que culminou da fundação da Organização Socialista
Libertária(OSL), experiência que, entre acertos e erros, tornou-se um
marco na história do anarquismo organizado no país, demonstrando que é
possível acoordenação de esforços para alcançarmos uma Confederação Anarquista
Brasileira. Para isso, afirmamos desde já as nossas melhores disposições
de entendimento fraterno com todas as demais organizações anarquistas, as
que já existem e as que surgirão, a partir dos nossos exemplos. Afirmamos
a nossa determinação de trabalhar arduamente para alcançarmos este
objetivo, tratando a todos com a mesma consideração que queremos ser
tratados. A Federação Anarquista do Rio de Janeiro é fruto de toda essa luta, e
seu futuro, já presente.
Nossa bandeira traz o vermelho e o negro, símbolos do Anarquismo, e ao
centro o tiê-sangue, pássaro nativo das matas do Rio de janeiro,
símbolo de liberdade e de resistência.
Assim, levantamos a nossa bandeira. Fazemos nossas as palavras de um
viejo compañero das lutas latino-americanas, com a necessária
adaptação: "Aqui se apresenta a FARJ, sem pedir outra coisa que um
posto de luta, para que não morram sonhos formosos e profundamente justos."
Ética! Compromisso! Liberdade!
Viva a FARJ!
Viva a Anarquia!
Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2003
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