A - I n f o s
a multi-lingual news service by, for, and about anarchists
**
News in all languages
Last 40 posts (Homepage)
Last two
weeks' posts
The last 100 posts, according
to language
Castellano_
Català_
Deutsch_
Nederlands_
English_
Français_
Italiano_
Polski_
Português_
Russkyi_
Suomi_
Svenska_
Türkçe_
The.Supplement
{Info on A-Infos}
(pt) Notícias de Chiapas
From
"Emilio Gennari" <emiliogennari@osite.com.br>
Date
Sun, 19 Oct 2003 12:01:30 +0200 (CEST)
______________________________________________________
A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
http://ainfos.ca/ http://ainfos.ca/index24.html
________________________________________________
Olá,
de setembro pra cá, o EZLN não divulgou nenhum novo comunicado.
Obviamente, isso não significa que as Juntas de Bom Governo não estão
sofrendo ataques e nem que várias outras comunidades bases de apoio
zapatistas não estejam sendo agredidas pela política de
contra-insurreição do governo Fox.Por isso, após esta mensagem, inseri as
traduções de alguns textos publicados no La Jornada que ajudam a
acompanhar parte dos problemas e dos desafios vivenciados pelos
municípios autônomos zapatistas.Boa leitura. Grande abraço
Emilio.
Atenção:
Se você conhece pessoas ou entidades interessadas em receber
gratuitamente o material traduzido é só pedir para enviarem uma mensagem
a
emiliogennari@osite.com.br ou encaminhe a elas este mesmo e-mail.
Encomendas do livro "Chiapas: as comunidades zapatistas reescrevem a
história", com Robson, Fone/fax: (0xx21) 25.44.55.52 E-mail:
letralivre@gbl.com.br
_______________________________________________________________
Site Ya Basta: http://www.ezln.org/
Site da Marcha à Cidade do México: http://ezlnaldf.org/
Site FZLN: http://www.fzln.org.mx
Site Arquivo EZLN-BR: http://www.chiapas.hpg.com.br
Site La Jornada: http://www.jornada.unam.mx/
________________________________________________________________
Lavradores e criadores de gado priistas continuam em campanha contra os
municípios autônomos. Hermann Bellinghausen. La Jornada, 26/09/2003.
San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 25 de setembro. Continuam as ações
contra os municípios autônomos da zona norte e sua Junta de Bom Governo,
“Nova semente que vai produzir”, sobretudo, na região de Tila. Em meio a
ameaças de expulsão e intimidações com armas de fogo contra as
comunidades, camponeses e criadores de gado priistas têm se dedicado à
tarefa de destruir os letreiros colocados pelos zapatistas ou de impedir
sua instalação.
Enquanto isso, os grupos priistas da região entre Monte Líbano e
Taniperla (ao norte de Ocosingo), anteriormente apontados como
paramilitares, têm decidido impedir as Juntas de Bom Governo. Camponeses
da região informam que têm voltado a ver homens armados, com uniformes
pretos, realizando movimentações e treinamentos. No passado recente,
estes grupos têm dirigido suas ações contra os municípios autônomos
Ricardo Flores Magón, San Manuel e Francisco Villa. Teme-se que, a
qualquer momento, possa ocorrer algum “incidente”.
Os “incidentes” de um ano atrás, por exemplo, provocaram dezenas de
feridos, famílias expulsas e quatro mortos, todos bases de apoio do
Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). A impunidade dos
agressores, já nem se fala dos mandantes, foi total. O dirigente da
Organização para a Defesa Indígena e Camponesa (OPDIC), o deputado local
priista Pedro Chulín, notificou recentemente às suas bases que, “com as
Juntas de Bom Governo, o EZLN já nos ferrou, já trouxe o comunismo, não
podemos fazer nada”. Com isso, incendiou os ânimos de seus seguidores. Na
zona norte, o pretexto é dado pelos letreiros com os quais se anunciam as
comunidades e os territórios autônomos. Os instalados nas imediações de
Jolnixtié, por exemplo, têm sido destruídos pelo menos duas vezes ao
longo do mês de setembro. É necessário lembrar que, na região chol, a
convivência entre bases de apoio e integrantes de Paz e Justiça (1) tem
sido, pra dizer pouco, difícil. Na zona norte, o controle político e
territorial dos municípios oficiais por parte de Paz e Justiça (e das
organizações derivadas dos rachas e atritos, mas sempre priistas e
vinculadas ao Exército federal) tem se dado através da força. Tila,
Sabanilla e, em menor medida, Tumbalá, Palenque e Salto de Água,
continuam sob os efeitos da “guerra chol” da segunda metade dos anos
noventa. Agora, em função da colocação dos letreiros nos municípios
autônomos rebeldes zapatistas (MAREZ), o poder de fato e violento de Paz
e Justiça se faz sentir com renovada ostentação. O Caracol “que fala para
todos”, em Roberto Barrios, pertencente à zona norte, é, de fato, o único
dos cinco Caracóis a ser diretamente ameaçado e que tem sido agredido.
A criação das Juntas de Bom Governo significou uma consolidação das
formas de governo autônomas que, em boa medida, já existiam, mas, entre
outras coisas, formalizou as regiões do território indígena de Chiapas
onde existem comunidades e bases de apoio do EZLN. Os “quatro municípios”
que foram reconhecidos pelo salinismo em 1994 abrangem mais de 40
municipalidades chiapanecas onde existe uma quantidade semelhante de
MAREZ. Uns mais “abertos” do que outros, todos funcionam e obedecem à
vontade das comunidades em resistência.
Até agora, a hostilidade contra as Juntas de Bom Governo corre por conta
dos priistas paramilitarizados em Los Altos (Chenalhó, Pantelhó, Cancuc),
na zona norte e na selva Lacandona norte. Uma exceção seria o problema
entre a perredista Central Independente de Operários Agrícolas e
Camponeses (CIOAC) oficial e a Junta de Bom Governo de La Realidad, mas
este é um conflito de outro tipo.
Federico Ovalle Vaquera, dirigente nacional da CIOAC, saiu em defesa dos
chamados oficiais ou históricos da região selva da fronteira e
reivindicou a libertação de Armín Morales Jiménez, detido em La Realidad
pelas autoridades autônomas, acusado de roubo. Fustigou, sobretudo, a
CIOAC independente, cujos membros chamou de bandeirolas que vão onde são
levadas pelo vento” e de “falsos zapatistas”.
A temperatura já subiu na CIOAC nacional. Ovalle Vaquera declarou ontem
que “a pretendida autonomia não se decreta, não se impõe, mas, sim, se
constrói respeitando os direitos de todos através do diálogo, do
respeito, da tolerância, da sinceridade e dos acordos”. Apesar disso, não
se pronunciou em relação aos acordos descumpridos com a Junta de Bom
Governo, aos seqüestros e às cacetadas sofridas por independentes e
zapatistas dias atrás, por obra de membros oficiais, históricos e
autênticos da central indígena e camponesa que dirige.
_________________________
(1) Paz e Justiça é o nome de um dos mais ativos grupos paramilitares que
atuam em Chiapas.
O governo responde com mão-de-ferro às iniciativas zapatistas.
Hermann Bellinghausen. La Jornada, 30/09/2003.
San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 29 de setembro. “O governo federal
decidiu enfrentar o desafio zapatista não com o diálogo e com uma saída
política, mas sim usando mão-de-ferro contra os municípios autônomos e
toda uma estratégia de contra-insurreição”, pondera o pesquisador Onésimo
Hidalgo, membro do Centro de Investigações Econômicas e Políticas de Ação
Comunitária (CIEPAC).
As constantes visitas de Luiz H. Alvarez, encarregado para o diálogo do
lado do governo federal, “integram esta lógica, porque ele continua
esparramando discursos nos quais chama o EZLN ao diálogo, e, por sua vez,
realiza encontros com ex-zapatistas, é o que aconteceu em 24 de agosto em
San Miguel Chiptic (Altamirano), onde o enviado aproveitou do
aborrecimento de alguns indígenas para continuar sua campanha de
desqualificação contra o EZLN”, refere Hidalgo, que há vários anos
documenta a experiência dos municípios autônomos zapatistas e estuda o
fenômeno da militarização.
Por sua vez, o biólogo Carlos Guichard, diretor do importante zoológico
Miguel Alvarez Del Toro (Zoomat), em Tuxtla Gutiérrez, denunciou ontem
“que tropas destacadas para a região do conflito estão envolvidas na
depredação e na retirada ilegal de espécies ameaçadas de extinção. “Os
soldados ficam de bem com os chefes levando-lhes uma onça, um filhote ou
uma arara, pois costumam ter como mascotes várias espécies de animais
exóticos”.
Em outra expressão dos problemas causados pela ocupação militar, Guichard
garantiu à imprensa local que comunidades da selva chiapaneca onde se
encontram os principais biótipos do México “têm denunciado a depredação e
o saque das tropas”.
O diretor do Zoomat reconheceu que existe tráfico ilegal de espécies para
a venda no mercado negro internacional, ainda que “não conste que os
militares sejam parte das redes de tráfico”.
O governo opta pela pressão militar
O levantamento do CIEPAC, divulgado por Onésimo Hidalgo, revela que, no
dia 6 de agosto, foi instalado um novo acampamento militar na comunidade
El Vergel, município de Las Margaritas, próximo ao caracol de La
Realidad. E acrescenta: “Durante todo o tempo da festa de inauguração das
Juntas de Bom Governo (JBG) em Oventik, se registro um aumento do
patrulhamento e foram reativados os postos de controles militares nos
municípios de Simojovel, Huitiupán, Ocosingo, Las Margaritas, Chenalhó,
La Trinitaria, Altamirano e Palenque, entre outros”.
Enquanto isso, a organização Las Abejas continua a denunciar que, durante
a noite, os paramilitares efetuam disparos nas proximidades de
comunidades e acampamentos de refugiados em Chenalhó. Diante deste
quadro, “o governo se nega a reconhecer os direitos dos povos indígenas
na Constituição, se nega a cumprir as condições colocadas pelo EZLN para
retomar o diálogo e tem optado por fechar a pinça da pressão militar e
paramilitar para destruir o movimento zapatista”.
O pesquisador considera muito importante que os governos federal e
estadual “demonstrem com os fatos que não são cúmplices dos
paramilitares; Vicente Fox, como comandante em chefe das forças armadas,
deve ordenar a suspensão do aumento da militarização, retirando o
exército das
comunidades para que se concentre em seus quartéis”.
Outras medidas que Hidalgo considera indispensáveis são a desarticulação
e a punição dos grupos paramilitares (“dos quais o governo conhece nomes
e sobrenomes porque foram suficientemente denunciados”), o respeito dos
Caracóis e das JBG, dos direitos humanos e da livre determinação dos
povos indígenas.
Depois do surgimento dos Caracóis, tem sido registrada a que o estudioso
considera uma “ofensiva militar contra os centros de resistência civil e
de bom governo dos municípios autônomos”. Só “para mencionar em exemplo”,
recapitula, “as incursões do Exército nas comunidades do município
autônomo El Trabajo durante o mês de agosto, denunciadas pelas JBG do
Caracol de Roberto Barrios”.
A partir do dia 10 de agosto, veículos e patrulhas do Exército entraram
em numerosas comunidades e ejidos. Durante vários dias interrogaram os
camponeses sobre “quem são os zapatistas”, se enfiaram nas casas,
instalaram postos de controle, tiraram fotografias e foram embora dizendo
que voltariam.
Francisco Villa, San José Usumacinta, Arroyo Granizo, San Pedro,
Portaceli, La Caoba, San Francisco Palenque, Cuauhtémoc Chancalá, Nueva
Betania, Boca Chancalá, Albino Corzo-Segunda Seção, Francisco León, Rio
San Diego e Arroyo Jerusalém são alguns dos povoados que as Forças
Armadas estiveram “visitando” na faixa norte da selva Lacandona.
De acordo com Hidalgo, diante da vontade do EZLN de tirar seus postos de
controle, construir as JBG, manifestar respeito às organizações
não-zapatistas com as quais convive, dialogar e resolver de maneira
pacífica os problemas com estas, “a resposta do Exército e do governo tem
sido a reativação dos grupos paramilitares contra alguns caracóis, como é
o caso de Roberto Barrios”. Sublinha que “civis armados perseguem as
pessoas que trabalham aí; têm atirado nelas, e sua ameaça mais recente
foi a de que desalojariam as bases de apoio zapatistas”.
Priistas de Pantelhó queimam uma capela dos zapatistas católicos de El
Triunfo. Hermann Bellinghausen. La Jornada, 15/10/2003.
San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 14 de outubro. O conselho municipal
autônomo de Santa Catarina, em Los Altos de Chiapas, denunciou as
pressões do governo federal. Em particular, de supostos enviados do
encarregado para a paz e a reconciliação, Luis H. Alvarez, em colaboração
com o governo municipal priista de Pantelhó. Disso tem resultado
agressões contra as capelas católicas da comunidade San Francisco El
Triunfo, identificadas com as bases de apoio do Exército Zapatista de
Libertação Nacional (EZLN). O ataque foi seguido de ameaças de expulsão,
que têm sido denunciadas anteriormente pelos autônomos.
Contra o que poderiam fazer crer as versões oficiais, não se trata de um
problema religioso, pois entre os próprios agressores há tanto católicos
como pentecostais e presbiterianos: o que estes grupos têm em comum é sua
coordenação com o governo federal e com a administração municipal priista
de Pantelhó.
A denúncia, procedente da Junta de Bom Governo de Oventik, Coração
concêntrico dos zapatistas diante do mundo, relata os fatos deste 9 de
outubro, no ejido San Francisco El Triunfo: “Por volta das 11 horas,
chegaram no ejido o prefeito e o juiz municipal oficial de Pantelhó e
dois representantes enviados por Luiz H. Alvarez. Também estavam com eles
quatro (agentes) da Segurança Pública que ficaram no caminho. Quando o
agente municipal e o conselho de vigilância chegaram na comunidade,
através de um aparelho de som, começaram a chamar para que as bases de
apoio do Exército Zapatista de Libertação Nacional comparecessem na
reunião. Chamaram três vezes, mas os companheiros não atenderam”.
Em seguida, acompanhado pelo conselho de vigilância, “chegou um enviado
para chamar pessoalmente os companheiros”. O conselho autônomo sublinha
que “os companheiros disseram ao enviado que não queriam provocações e
nem problemas com os priistas e que por isso julgavam melhor não ir à
reunião”.
Diante da negativa das bases de apoio do EZLN para reunir-se com os
representantes do encarregado Alvarez, “os funcionários se reuniram na
escola com os priistas durante quatro horas e depois foram embora da
comunidade”.
Em seguida, o agente municipal “chamou as mulheres e os homens priistas e
estes chegaram ao acordo de criar problemas, porque por volta das 16
horas começaram a destruir a capela. Disseram que é daí que os zapatistas
tiram as idéias. A capela é, sobretudo, dos companheiros zapatistas
porque somente seis priistas são católicos. Os demais priistas são de
outra religião; 12 pessoas são presbiterianas e sete são pentecostais”.
“E, assim, tiraram todos os telhados e as telhas de zinco da capela e
cada um levou-as para a sua casa, as imagens ficaram sem telhado. Também
destruíram totalmente uma velha capela que havia por aí e derrubaram as
vigas com o machado. Os priistas que criaram todos os problemas disseram
que foi por ordem do prefeito, por isso os priistas disseram que não têm
medo e dizem que nós zapatistas não valemos nada”.
As autoridades autônomas anexam à sua denúncia os nomes dos priistas “que
estão provocando estes problemas”, e agora ameaçam “queimar outras casas
dos companheiros. Se estas ações não forem detidas, nós não ficaremos
calados”, declara o conselho do município autônomo de Santa Catarina. Por
sua vez, a Junta de Bom Governo Caminho do Futuro, no caracol Rumo a um
novo amanhecer, de La Garrucha, denunciou que, a partir desta
segunda-feira 13 de outubro, grupos de camponeses priistas têm começado a
trabalhar e pretendem se apropriar de terras do povoado San Miguel,
pertencente ao município autônomo Francisco Gómez.
Nesta comunidade, “conhecida pelos priistas como La Providencia”, estes
têm começado a tirar as espigas do milharal das bases de apoio zapatista,
nas terras que foram ‘recuperadas’ depois do levante de 1994. Naquela
época, eram propriedades dos criadores de gado de Ocosingo e na última
década têm produzido o milho que alimenta a resistência das comunidades
em rebeldia.
A junta de bom governo adverte: “Mobilizaremos nossas bases para apoiar
os companheiros de San Manuel, município autônomo de Francisco Gómez,
agiremos e defenderemos as terras ‘recuperadas’ de qualquer provocação
por parte dos priistas. Estamos dispostos a defender as posses zapatistas
por bem ou por mal, de acordo com as provocações que nos enfrentem”.
*******
****** Serviço de Notícias A-Infos *****
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
******
INFO: http://ainfos.ca/org http://ainfos.ca/org/faq.html
AJUDA: a-infos-org@ainfos.ca
ASSINATURA: envie correio para lists@ainfos.ca com a frase no corpo
da mensagem "subscribe (ou unsubscribe) nome da lista seu@enderço".
Indicação completa de listas em:http://www.ainfos.ca/options.html
A-Infos Information Center