A-Infos (pt) Entrevista: Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares...

["Moésio Rebouças" <m_reboucas@yahoo.com>]

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Lucas Fonseca é militante do Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares, de
Maceió (Alagoas).

Agência de Notícias Anarquistas > Quais as atividades do Coletivo
Anarquista Zumbi dos Palmares?

Lucas Fonseca > Nos reunimos semanalmente onde estamos sempre discutindo
textos ou até mesmo algum livro. Vemos com muita importância à
necessidade de estar se capacitando historicamente e discutindo sobre
tudo que envolva a superação da sociedade capitalista e a construção de
uma sociedade socialista e libertária. Mas nós não apenas estudamos, e
procuramos, na medida do possível, fazermos uma outra atividade.
Participamos do
plebiscito da ALCA e fizemos uma discussão sobre a mesma em algumas
escolas, além de uma discussão sobre anarquismo que levamos nas
proximidades de escolas públicas. Temos um bom relacionamento com os
movimentos sociais e estudantil e estamos sempre procurando fazer
panfletagens nos atos/manifestações relevantes que ocorrem na cidade ou
mesmo fazendo o nosso ato como durante a recente agressão dos EUA ao
Iraque e uma encenação teatral que arriscamos fazer no Mc Donald´s no dia
mundial de combate ao mesmo, no ano passado. O nosso coletivo tem menos
de 2 ! anos e
 ainda não nos consolidamos, temos muitas falhas que só o tempo irá
consertá-las, mas vamos seguindo sempre procurando  fazer um trabalho de
intervenção junto a juventude e aos pobres e demais excluídos. Essa é a
idéia.

ANA > Há mais grupos anarquistas em Maceió?

Lucas > Dificilmente, pois se existisse acredito que teríamos noticia e
no resto do estado, acho que é a mesma coisa. No final dos anos 80 e
começo dos anos 90 existia os "Caeteranos" que eram um grupo anarquista
de universitários que chegaram até a formar uma comunidade libertária,
mas não temos contato com eles. Tinha também o pessoal anarcopunk mas que
também desapareceu.

ANA > Fale um pouquinho do atual panorama libertário por aí...

Lucas > Não se tem muito o que falar sobre isso justamente pela resposta
anterior. Temos várias pessoas que se colocam como libertárias, mas que
não estão organizadas em algum grupo/coletivo. Isso nos coloca meio que
isolados, limitando nossas ações, sem ter com quem se possa fazer alguma
atividade libertária em conjunto, criando algo mais forte e continuo.

ANA > Como foi o “1º dia de cultura libertária”? Há muito tempo não
rolava um evento como esse em Maceió, não?

Lucas > É verdade! O “dia de cultura libertária” como primeira
experiência desse tipo foi bastante proveitoso. As discussões foram
levantadas em torno da educação e da questão urbana, da organização dos
espaços. Evidentemente outros pontos surgiram e as discussões se
estenderam e foram interessantes, sendo que com uma pequena participação
do pessoal de “fora”, mas ainda assim acredito que quem acompanhou
gostou. Houve exposições de fanzines e de desenhos do Nanu de Araçatuba,
que também nos ajudou mandando uns zines de poesia. O espaço estava
decorado com as exposições e vários cartazes com charges, poesias, textos
e outras coisas deixando um ambiente legal. Teve também curtas metragens,
sarau de poesias e encerrando bandas de rock.

ANA > Fiquei sabendo que vocês têm um projeto de alfabetização na
periferia de Maceió...

Lucas > Sim, nós pretendemos concentrar forças para que isso se torne
realidade, uma vez que é na periferia, no trabalho junto as comunidades
que se constrói o poder popular, a organização dos populares  de forma
autônoma e horizontal como forma de resistência e contra-ataque aos
ataques dos de cima. Porém, somos bastante inexperientes nisso e estamos
enfrentando dificuldades já antes de começar, como arrumar cadeiras para
o espaço. Esse trabalho caso venha a se realizar, será feito na favela do
lixão, conhecido por esse nome por ser localizada num lixão de Maceió e
seus moradores sobreviverem catando lixo durante o dia. Estamos
atualmente estudando sobre o assunto. Iniciamos estudando sobre o método
Paulo Freire de alfabetização e agora sobre educação libertária.

ANA > Uma curiosidade, por que o “mascote” e o nome do informativo de
vocês se chama “feijão revolução”?

Lucas > Quando fomos escolher o nome do zine decidimos por escolher um
nome diferente, mais original. Então surgiu “Feijão Revolução” e acabamos
dando sentido ao nome e adotamos o mesmo, fazendo o desenho de um feijão
seguindo na luta. Pra entender o nome podemos dizer que o feijão é um
alimento básico e bem popular e a revolução que seria a revolução social,
emancipadora do povo também é algo indispensável. Então ficou esse nome,
unindo duas coisas essenciais: o alimento e a revolução social. Não sei
se deu pra pegar direito a intenção. O subtítulo ficou “alimentando a
luta pela liberdade”, pra jogar já essa idéia, mas no #3 esse subtítulo
acabou não saindo.

ANA > Vocês se sentem isolados do “movimento” do resto do país?

Lucas > De atuação sim, mas de contato temos uma boa ligação que vem
aumentando cada vez mais. A própria geografia atrapalha, já que o Brasil
é muito grande e nossa posição é distante dos lugares onde se tem mais
grupos anarquistas e uma maior cultura de atividades anarquistas. Temos
interesse não só de manter uma relação de troca de materiais, mas de se
ter algo articulado e atuante. O FAO é algo que gostaríamos muito de
participar, mas como já disse, a distância é grande ($$) e está difícil
algum de nós ir o que se acontecer nós lamentamos muito.

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agência de notícias anarquistas-ana

  aqui também essa desconhecida
e ansiosa e breve coisa
que é a vida

Jorge Luis Borges


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