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(pt) MANIFESTO DE SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES BOLIVIANOS

From "profosp" <profosp@bol.com.br>
Date Thu, 6 Nov 2003 10:13:53 +0100 (CET)


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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
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Manifesto divulgado nos locais de trabalho e regiões
onde atuamos, divulgado à grande imprensa como posição
do Movimento de Oposição a Estrutura Sindical Atrelada
ao Estado e Pela Reorganização da COB/ACAT-AIT e da
Seção da AIT no Brasil e repassado para camaradas
libertários e sindicalistas bolivianos entre meados e o
final de outubro.

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SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES DE BOLIVIA

Mais uma vez o povo boliviano dá a classe
trabalhadora mundial um exemplo vivo de luta e lucidez.
Já o fizera ao manter viva a COB (Confederacion Obrera
Boliviana), símbolo da histórica luta do proletariado
latino-americano e da influência do anarco-sindicalismo
no início do séc. XX, como sua mais importante
organização sindical. Essa organização, baseada nos
locais de trabalho, que tantos anos e tantas ditaduras
não conseguiram destruir, por sua própria tradição
histórica e composição social sempre caminhou ao lado
dos camponeses e organizações indígenas. Foi assim que,
de acordo com fontes institucionais, já em abril de
2000 a população de Cochabamba, depois de semanas de
manifestações e enfrentamentos que envolveram toda a
população local, derrotou o projeto governamental de
PRIVATIZAÇÃO do sistema hídrico e de tratamento de
águas, que seria entregue a BECHTEL – levando a
retirada desta multinacional do país. Já em 2003,
quando o governo eleito Sánchez de Lozada tentou impor
um aumento generalizado de impostos, a luta direta dos
trabalhadores de Bolívia impediu que se arrochassem
ainda mais os já aviltantes salários pagos aos
trabalhadores empregados – com a desculpa de cumprir os
acordos com os agiotas internacionais do FMI,
diminuindo o déficit fiscal (conversas que já nos
cansamos de ouvir no Brasil seja no governo do PSDB ou
a gora no governo Lula/PT).

O FMI, a Organização Mundial do Comércio(OMC)
e a política imperialista norte-americana estão sendo
desmascarados em todo o mundo. Em especial na América
Latina a partir de 2000, com a imposição do Governo
Bush/U$A para a formalização da ALCA – responsável
diretamente pela destruição das economias locais e pelo
aumento da miséria, do desemprego e da destruição das
conquistas históricas da classe trabalhadora. Apesar da
vergonhosa posição de submissão mantida pelo governo
brasileiro, que se reflete na cobertura midiática dos
mais recentes acontecimentos – deturpados em sua
divulgação, quando divulgados massivamente -, os fatos
falam por si: desde os acontecimentos na Argentina, que
levaram a deposição de De La Rua – recém-eleito – e
Cavallo, passando pelos levantes indígenas no Equador e
no Chile; pela greve de quase nove meses dos
Trabalhadores de Saúde em El Salvador, que impediram a
privatização do sistema de previdência social; na luta
encaminhada pelos trabalhadores mexicanos contra a
privatização do sistema de energia elétrica; no
crescimento da luta no Panamá, que vem realizando
grandes manifestações públicas desde as greves
nacionais que culminaram, no dia 23 de setembro deste
ano, com a decisão de convocar uma GREVE GERAL CONTRA A
PRIVATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL para o dia 30 de
outubro; nas manifestações contra a OMC em Cancun e
contra a ALCA em Trinidad e Tobago, em suas respectivas
reuniões ministeriais para fechamento de acordos –
ambas fracassadas! Mas é na Bolívia que se fez o maior
e mais claro enfrentamento entre os interesses dos
trabalhadores e os do imperialismo, defendido pelo
governo local.

Os recentes acontecimentos começam com a
descoberta de novas reservas de gás e petróleo nas
localidades de Margarita e Tarija pela ‘Yacimientos
Petrolíferos Fiscales Bolivianos’ (YPFB), empresa
estatal privatizada - sob o falso argumento de que a
empresa estava descapitalizada e o governo não
conseguiria canalizar empréstimos para financiar a
exploração. Com as negociações encaminhadas pelo
ministério de Lozada a YPFB foi afastada do negócio e a
concessão para exploração dos poços recém-descobertos
foi entregue para a empresa ‘Pacific LNG’ – sociedade
formada pela ‘Repsol YPF’(37,5%), ‘British Gas’(37,5%)
e ‘British Petroleum’(25%). Dessa forma a Bolívia, a
segunda maior reserva comprovada de gás da América do
Sul, foi convertida em presa dos tubarões petrolíferos
multinacionais.

Já no final de seu primeiro governo Sánchez
de Lozada assinou a “nova lei dos hidrocarbonetos” por
meio da qual entrega os recursos às multinacionais
diminuindo seus impostos de 50% para 18%, além de
conceder novas regalias. A companhia compradora do gás
liquefeito na Califórnia será a ‘Sempra Energy’, nome
atrás do qual se esconde a ‘ENRON’, que se tornou
famosa pela sua recente falência que quebrou os
acionistas minoritários e seus próprios empregados.

Por outro lado a ‘Pacific LNG’ exige que o
negócio seja feito por um porto chileno, apesar do
conhecido ressentimento nacional do povo boliviano pela
perda da franja costeira na guerra de 1879. Além do
mais se se levar em consideração que a construção de um
gasoduto, do sul da Bolívia até um porto peruano,
poderia ser levada a cabo com o custo de 600 milhões de
dólares, valor irrisório para a transação global. Mas
a ‘Pacific LNG’ ameaça levar o Estado Boliviano ante o
Tribunal Internacional e o Ministro de Energia
britânico vai a Bolívia cobrar explicações pelo atraso
do projeto. E por que tanta pressa? Quem explica é Sir
Edward Miller, presidente da ‘British Gas’ quando
admite que sua empresa terá um ingresso de cerca U$ 1,5
bilhões por ano enquanto a Bolívia receberia U$ 80
milhões, no mesmo período!

A partir de 13 de setembro organizações
camponesas e indígenas (tendo os Maynaras a frente)
começaram a bloquear as principais estradas do
altiplano, revoltados com os acordos entre o governo de
Lozada, o governo Bush e as multinacionais – para
exploração de novas e recém-descobertas jazidas. Dia 19
de setembro, com a adesão maciça dos Quéchua, mais de
150.000 pessoas vão às ruas exigindo o rompimento dos
acordos entreguistas. No dia 20, na localidade de
Warisata, o ministro da defesa pessoalmente exigiu que
os camponeses/indígenas, que bloqueavam a estrada, se
retirassem - levando a um enfrentamento entre as tropas
federais e os trabalhadores: seis camponeses foram
assassinados.

Imediatamente a COB se posicionou, ao lado da
Confederação dos Trabalhadores Camponeses, convocando
uma GREVE GERAL a partir de 30 de setembro. A partir
daí o movimento se generalizou por todo o país com a
adesão de organizações estudantis, comunitárias e
outras organizações proletárias, como a Coordenadora do
Gás. A greve geral assumiu um caráter insurrecional e
ampliou suas reivindicações exigindo a renúncia do
presidente recém-reeleito. Tudo sendo levado a cabo
pelas organizações autônomas da sociedade, sem a
participação de partidos políticos, atropelados pelos
acontecimentos e desprezados pelos trabalhadores. Pouco
antes de cair Sánchez de Lozada culpou o que ele chamou
de “narco-sindicalistas”, como os responsáveis pelo
movimento que viria derrubá-lo, buscando criminalizar o
movimento social e quebrar o seu próprio isolamento.
Com isso também identificou no anarco-sindicalismo o
maior perigo para as elites econômicas e políticas.

O povo boliviano coloca claramente que não
quer que ocorra com essa fonte de riqueza – o gás e o
petróleo – o mesmo que aconteceu com a prata e o
estanho, que enriqueceram as companhias estrangeiras e
a alguns poucos bolivianos, enquanto a imensa maioria
do povo boliviano restou a fome e a miséria. Assim 20%
das famílias sobrevivem com menos de U$ 0,50 por dia,
condição que nem sequer existe não sendo reconhecida
pelos altos funcionários do Banco Mundial. De uma
população total de 8 milhões, com cerca de 5 milhões
abaixo da linha de pobreza, sendo cerca de 3 milhões
vivendo na indigência – eis o resultado da colonização
imperialista e do neo-liberalismo.

Mas o povo boliviano já deu mais de uma
demonstração de sua capacidade política e de luta,
sendo exemplo para todos os trabalhadores do continente
americano. Mais do que seu exemplo a atitude dos
trabalhadores bolivianos nos coloca uma
responsabilidade: não deixá-lo sozinhos nessa luta que
é de todos nós. Depois de conseguir derrubar o capacho
imperialista Lozada deram um prazo de três meses para
que o novo governo, assumido pelo vice-presidente
Carlos Mesa, atenda as reivindicações populares. Um
novo governo que, para ter o mínimo respaldo, teve que
aceitar a exclusão de todos os partidos políticos do
poder, além de entrada de representantes das principais
etnias indígenas no ministério.

Isso tudo só mostra que a luta continua na
Bolívia, bem como em toda a América Latina, exigindo de
todos os trabalhadores que estejam a altura do momento
histórico: não só para a solidariedade ativa a luta dos
trabalhadores em Bolívia, mas principalmente realizando
a mesma luta em todas as frentes, em todos os países!
Para isso é fundamental que reorganizemos no continente
americano uma verdadeira organização de luta:
revolucionária, federativa e de baixo para cima. Hoje
em dia a intersindical continental, majoritária, a CLAT
(Central Latino Americana de los Tabajadores), filiada
a Confederação Mundial do Trabalho(CMT) entidade
aliada a CIOSL - Confederação Internacional de
Organizações Sindicais Livres, foram participantes e
organizadores do Fórum Social Mundial(FSM) de Porto
Alegre, dominado por partidos políticos reformistas. A
CIOSL, organização a qual estão ligadas tanto a CUT/PT
quanto a Força Sindical/PTB, tem sua origem no próprio
governo norte-americano que criou essa organização para
combater o ‘Comitern’, central sindical mundial ligada
ao Partido Comunista Russo e ao Estado ‘Soviético’.
Nenhuma dessas organizações tem como objetivo coordenar
essa luta dentro de um processo revolucionário. Por
outro lado, já em 1929, os trabalhadores do continente
se reuniram em Congresso em Buenos Aires e fundaram a
Associação Continental Americana dos Trabalhadores
(ACAT), filiada a Associação Internacional dos
Trabalhadores(AIT), com a perspectiva – já naquela
época – de aumentar os vínculos de solidariedade entre
os trabalhadores e de aumentar o nível de coordenação
da luta dos sindicatos revolucionários, que enfrentavam
a burguesia e a repressão estatal em todos os países do
continente – inclusive nos EUA.

A classe trabalhadora não haverá de abandonar
a luta do povo boliviano. Solidariedade ativa é o que
se espera, Greve Geral Continental é a proposta que
dará substância a essa solidariedade. Reorganização da
ACAT e do sindicalismo revolucionário, desde os locais
de trabalho, a única forma de viabilizar essa luta e
para que dela saiamos plenamente vitoriosos.

- A LUTA CONTÍNUA!

- VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES E CAMPONESES
BOLIVIANOS!
- PELA REORGANIZAÇÃO DA A.C.A.T., LIGADA A A.I.T.!
- NEM PARTIDO, NEM ESTADO, NEM PATRÃO: AUTOGESTÃO!
- PELA GREVE GERAL CONTINENTAL CONTRA O IMPERIALISMO!
- CONTRA A GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL INTERNACIONALISMO
PROLETÁRIO!

Seção da AIT no
Brasil
outubro de 2.003
Federação Operária do Rio Grande do Sul
FORGS/COB-ACAT/AIT
cobforgs@yahoo.com.br

* Apoio:
SINDIVÁRIOS de Porto Alegre/RGS
Núcleo Sindical de Porto Alegre, Santa Rita, Gravataí,
Canoas/RGS

PROFOSP/COB-ACAT/AIT
Núcleo Sindical dos Trabalhadores do Transporte, dos
Trabalhadores em Saúde, dos Trabalhadores em Educação
Núcleo Sindical de São Paulo, de Itaquaquecetuba, de
Presidente Prudente

Amigos da COB-AIT de Sergipe

Centro Cultural e Artístico de Porto Alegre/RGS
Federação Anarkista do Rio Grande do Sul
UÍVO/zine-RGS
O COLETIVO LIBERTÁRIO/SP




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