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(pt) A BATALHA N#198: AS DANÇAS GUERREIRAS DO TIO SAM

From jornalabatalha@hotmail.com
Date Wed, 14 May 2003 18:48:32 +0200 (CEST)


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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
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“É muito duro para bastantes americanos ter de admi-
tir que os nossos jovens patriotas, os nossos bravos
rapazes americanos, possam alinhar velhos, mulhe-
res, crianças e bebés e abatê-los a sangue frio…
Como explicar isto?”
MIKE WALLACE (jornalista) entrevistado pela
“CBS Evening News”, em 24/11/69, quando foi
conhecido o massacre de My Lai

Quando estas linhas forem publicadas, é mais que provável (será?) que
esteja terminada a 2ª Guerra do Golfo, a contento da agressão
anglo-americana. Entretanto, o Mundo conheceu mais um conflito
desencadeado pelos EUA, que lançou sobre o Iraque as suas bombas
inteligentes e outras semi-analfabetas, que desencadeou ataques cirúrgicos
e outros de clinica geral, que provocou danos colaterais e outros
calculados ao milímetro.Tudo para erradicar uma ditadura, entre tantas outras disfarçadas de
republicano-socialistas ou democrático-parlamentares, uma Autocracia entre
tantas outras ostensivamente monárquicas absolutas, teocráticas
fundamentalistas e reinozinhos de opereta. Uma diferença: enquanto todos
respeitaram, de bom ou mau grado, o “Diktat” da Democracia Americana, o
tirano de Bagdade ousou desafiar os seus princípios omnipotentes e
omnipresentes, e o resultado viu-se – o nacional-socialismo árabe de
Saddam baqueou perante o fascismo-democrático yankee de Bush.Neste trabalho, ir-nos-emos ocupar do historial bélico norte-americano,
das danças guerreiras do Tio Sam, dirigidos pela batuta dos seus
presidenciais maestros.
TIO SAM NO CONSERVATÒRIO

(Discípulo aplicado dos grandes maestros europeus, o Tio Sam executou,
diligentemente, o seu trabalho de casa, e pôs os povos do continente
americano a dançar, atabalhoadamente, os frenéticos ritmos dos seus
“jazebandistas”)
1775-1783 – GUERRA DA INDEPENDÊNCIA – Os colonos lutam pela sua
independência face à Inglaterra, alcançando em 4 de Julho de 1776. Os
treze novos estados formam uma Confederação até 1789 e unificam-se sob a
Presidência de George Washington, federalista (1789-1797)
1795-1890 – AS GUERRAS ÍNDIAS – A longa guerra de extermínio, conduzida
contra os Índios, revestiu o aspecto de um verdadeiro genocídio humano e
cultural. Começada, praticamente, com a Independência, é a partir de 1795
que se sistematiza e que, com maior ou menor intensidade, se prolonga por
quase um século. A última Guerra Índia (1889-1890) culmina com a batalha
de Wounded Knee, onde é quebrada a resistência Sioux-Cheyenne ao avanço
dos colonos para Oeste. Esta longa guerra foi conduzida por 23
Presidentes: seis democratas, seis republicanos, quatro
democratas-republicanos, quatro whigs (liberais), dois federalistas e um
unionista.
1812-1814 – 2ª GUERRA DA INDEPENDÊNCIA – Os EUA defrontam, novamente, os
Britânicos, alcançando a paz vitoriosa em 24/12/1814. Presidente Madison,
democrata-republicano (1809-1817).
1846-1848 – GUERRA DO MÉXICO – Expansão territorial à custa do vizinho do
Sul. Em 1848, faziam parte dos EUA, a efémera República do Texas
(1836-1845), assim como vastos territórios subtraídos ao México, que
constituíram os novos estados do Novo México, Arizona, Nevada, Utah,
Califórnia. Presidente no poder: Polk, democrata (1845-1849).
1852-1853 – ARGENTINA – Soldados enviados para Buenos Aires, para proteger
interesses americanos. Presidente Filmore, whig (1850-1853).
1853-1854 – JAPÃO – Política de canhoneira: a almirante Perry força o
Japão a abrir os seus portos aos navios Americanos. Presidente Pierce,
democrata (1853-1857).
1855 – URUGUAI – Os marines ocupam Montevideu, enquanto o país é agitado
por uma revolução. Presidente Pierce.
1859 – CHINA – Intervenção para garantir a presença Americana, em Changai.
Presidente Buchanan, democrata (1857-1861).
1860 – ANGOLA – Missão de segurança, durante uma revolta indígena.
Presidente Buchanan.
1861-1865 – GUERRA DA SECESSÃO – O Norte dos EUA, urbano e industrial,
acaba com a existência dos Estados Confederados da América, agrários e
esclavagistas, estabelecidos no Sul da União, e dela cindidos. Guerra
fratricida e extremamente cruenta. Presidente dos EUA: Abraham Lincoln,
republicano (1861-1865).
1893 – HAWAII – Missão de segurança, onde é proclamada uma República
fantoche, anexada pelos EUA, em 1898. Presidente Benjamin Harrison,
republicano (1898-1893).
1894 – NICARÁGUA – Soldados enviados para proteger interesses americanos.
Presidente Cleveland, democrata (1893-1897).
1898 – GUERRA HISPANO-AMERICANA – Sob pretexto de auxiliar os
independentistas Cubanos, os EUA travam uma guerra vitoriosa com a
Espanha, obtêm as suas colónias do Pacífico, anexam Porto Rico e Filipinas
e impõem o Protectorado a Cuba. Presidente Mc Kinley, republicano
(1897-1901).
1900-1901 – GUERRA DOS “BOXERS” – Os EUA integram uma coligação que vence
a revolta nacionalista dos “Boxers”, sociedade secreta que pretendia tirar
a China da sua situação semi-colonial. Fazem parte da coligação os EUA, a
Grã-Bretanha, França, Alemanha, Áustria, Rússia, Espanha, Bélgica, Holanda
e Japão. Presidente Mc Kinley e Theodore Roosevelt (1901-1909), ambos
republicanos.
1904 – REPÚBLICA DOMINICANA – Ocupação militar, durante a presidência de
Theodore Roosevelt.
1906 – AMÉRICA LATINA – Ocupação militar de Cuba, Guatemala, El Salvador e
Nicarágua. Presidente: Theodore Roosevelt.
1911 – HONDURAS – Ocupação militar. Presidente Taft, republicano (1909-1913).

1912 – NICARÁGUA – Os marines desembarcam na Nicarágua, impondo-lhe a
ocupação, que dura até 1932. Presidente Taft.
1914-1916 – MÉXICO – Intervenção militar contra a Revolução Mexicana.
Presidente Wilson, democrata (1913-1921).
1915 – HAITI – Intervenção para esmagar uma revolta popular. O país fica
ocupado até 1934. Presidente Wilson.
1916 – REPÚBLICA DOMINICANA – Envio de tropas, que ocupam o país até 1934.
Presidente Wilson.
1917-1918 – 1ª GUERRA MUNDIAL – Os EUA associam-se à “Entente”
(Grã-Bretanha, França, Rússia), e derrotam as Potências Centrais
(Alemanha, Áustria, Turquia, Bulgária). Presidente Wilson.
TIO SAM, CHEFE DE UMA BANDA SÓ

(Depois de obter apoteóticos triunfos nos palcos da Europa, o Tio Sam
viu-se à frente de uma Banda, onde só ele podia dar música e pôr metade do
Mundo a dançar ao seu ritmo. A outra metade dançava ao som das
“balalaikas” e dos órgãos de Stalin).
1918-1920 – GUERRA CIVIL RUSSA – Os EUA integram uma coligação que apoia
os “Brancos” na sua luta pela reinstauração do Czarismo e deposição dos
Bolcheviques no Poder. A coligação é formada por EUA, Grã-Bretanha,
França, Japão, além de unidades de ex-prisioneiros checoslovacos. A Rússia
dos Sovietes consegue desbaratar a oposição armada interna e repelir as
forças expedicionárias internacionais. Presidente Wilson.
1941-1945 – 2ª Guerra Mundial – Os EUA, após viverem uma grave crise
económica, regressam ao seu antigo poderio com a “New Deal” do Presidente
Roosevelt. Época de relativa tranquilidade, chamada “esplêndido
isolamento”. Em 1941, os Japoneses atacam Pearl Harbor (Hawai), o que faz
os EUA engrossarem as fileiras Aliadas na sua luta contra o Eixo
Nazi-Fascista. Com a derrota do Eixo, os EUA tornam-se uma superpotência,
rival da URSS, outra vencedora do conflito mundial. As bombas atómicas
sobre Hiroshima e Nagasaki inauguram a era atómica e o período da Guerra
Fria. Presidentes Franklin Roosevelt (1933-1945) e Truman (1945-1953),
ambos democratas.
1947 – GRÉCIA – Envio de “conselheiros” militares para apoiar as forças de
Direita, ameaçadas pela guerrilha comunista. Presidente Truman.
1950 – PORTO RICO – As tropas americanas reprimem um movimento de
Independência. Presidente Truman.
1950-1953 – GUERRA DA COREIA – Guerra para impedir a unificação da
Península, após a invasão do Sul pró-ocidental pelas tropas comunistas do
Norte. Os EUA apoiam o governo do Sul, com beneplácito da ONU. A Coreia
acaba por regressar à sua divisão em duas Repúblicas, separadas pelo
paralelo 38. Presidentes Truman e Eisenhower, republicano (1953-1961).
1954 – GUATEMALA – Mercenários, treinados pela CIA e apoiados pela aviação
americana, derrubam o Governo. Presidente Eisenhower.
1958 – LÍBANO – Desembarque de soldados americanos. Presidente Eisenhower.

1961 – CUBA – Exilados Cubanos, apoiados pela CIA, desembarcam na Baía dos
Porcos, com intenção de provocar um levantamento anti-castrista. A
operação salda-se num fracasso. Presidente Kennedy, democrata (1961-1963).
1964 – PANAMÁ – Os marines esmagam um levantamento para obter a
restituição do Canal aos Panamianos. Presidente Lyndon Johnson, democrata
(1963-1969).
1964-1973 – GUERRA DO VIETNAME – Os EUA envolvem-se no conflito
indochinês, após a derrota do colonialismo francês. Apoiam o regime
pró-ocidental do Sul contra a República comunista do Norte. Primeira
grande derrota do imperialismo yankee pelos povos vietnamita, cambojano e
laociano. Primeira grande contestação, à escala nacional e mundial, do
hegemonismo americano. Presidente Johnson e Richard Nixon, republicano
(1969-1974).
1965 – REPÚBLICA DOMINICANA – Sob a cobertura da OEA (Organização dos
Estados Americanos), os EUA envolvem-se militarmente para se oporem à
tomada do poder por um governo revolucionário. Presidente Nixon.
1970 – OMAN – Apoiado por “conselheiros” militares americanos. A marinha
iraniana tenta invadir o Sultanato. Presidente Nixon.
1980-1990 – EL SALVADOR – Os EUA alinham, militarmente, com as forças
governamentais em luta contra a guerrilha de Esquerda. Presidente Jimmy
Carter, democrata (1977-1981) e os republicanos Ronald Reagan (1981-1989)
e George Bush (1989-1993).
1981-1988 – NICARÁGUA – Apoio aos “contras” anti-sandinistas. Presidente
Reagan e Bush (pai).
1983 – GRANADA – Deposição do regime marxista, e sua substituição por um
governo pró-americano. LÍBANO – Quando tentava mediar o conflito libanês,
o exército dos EUA sofre um atentado, que causou 240 vítimas. Presidente
Reagan.
1986 – LÍBIA – Raids da aviação americana sobre várias cidades. Presidente
Bush (pai).
1989 – FILIPINAS – Os EUA apoiam o Governo contra um golpe de Estado.
PANAMÁ – Operação “Justa Causa” para depor o general Noriega, acusado de
narcotraficante pelos EUA. Presidente Bush (pai).
TIO SAM E O SEU BAILE MANDADO

(Quando a Outra Banda se calou, o Tio Sam tornou-se o monopolizador de
todas as orquestras, corpos de baile e ranchos folclóricos de todo o Mundo
e arredores. Dá-se agora, ao luxo de castigar severamente quem não afina
pelo seu diapasão, não acerta o passo pelo seu andamento ou queira
resistir à sua canção do bandido).
1991 – 1ª GUERRA DO GOLFO – O Iraque invade o Kuwait, em 1990. Saddam
Hussein recusa evacuar o País. Com o aval da ONU, os EUA encabeçam uma
vasta coligação que rechaça o Exército Iraquiano, ao fim de seis semanas
da Operação “Tempestade no Deserto”, mas Saddam mantém-se no poder.
Presidente Bush (pai).
1993 – SOMÁLIA – Intervenção militar, mandatada pela ONU, para permitir a
instauração da paz num país assolado pela guerra civil. Presidente Bill
Clinton, democrata (1993-2001).
1994 – HAITI – Corpo expedicionário Americana para repor no Poder o
Presidente Aristide. Presidente Bill Clinton.
1995 – BOSNIA-HERZEGOVINA – Participação da NATO, para pôr fim à guerra
civil. Presidente Bill Clinton.
1998 – IRAQUE – Bombardeamentos anglo-americanos. SUDÃO – O exército
americano destroi, com mísseis, uma fábrica de produtos farmacêuticos ,
alegadamente produtora de armas químicas. Presidente Bill Clinton.
1999 – JUGOSLÁVIA – As tropas da NATO bombardeiam o Kosovo e a Sérvia.
Presidente Bill Clinton.
2001-2002 – AFEGANISTÃO – Depois do 11 de Setembro, a coligação
anglo-americana bombardeia o País, alegadamente protector do terrorista
Bin Laden. Destroçado o poder dos Taliban, é estabelecido um governo
provisório, com a missão de unificar o País. Presidente George W. Bush,
republicano no poder desde 2001.
2003 – 2ª GUERRA DO GOLFO – A coligação anglo-americana, sem autorização
da ONU, mas com o aval de alguns estados, onde se inclui Portugal,
desencadeia a guerra total contra o regime de Saddam Hussein. Forte
contestação e repúdio, tanto à escala nacional como mundial. Na altura em
que este trabalho está sendo redigido, as tropas coligadas encontram-se às
portas de Bagdad. Presidente Bush, firmemente apoiado por Tony Blair,
apesar da opinião pública britânica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as guerras, conflitos, intervenções e demais ingerências do
Imperialismo yankee – as danças guerreiras do Tio Sam – foram
desencadeadas sem prévia declaração oficial, como prevê a Constituição dos
EUA, à excepção da 2ª Guerra da Independência, a Guerra do México, a
Guerra Hispano-Americana e as duas Guerras Mundiais. Todos os outros
conflitos só tiveram a autorização do Congresso norte-americano.Não tivemos nem pudemos ter a pretensão de sermos exaustivos na enumeração
de todas as intervenções armadas, ordenadas por Washington. A lista de
agressões yankees apresentada não contempla guerras civis, golpes de
estado, atentados políticos e chantagens económicas, inspiradas pela CIA e
outras agências do complexo militar-industrial norte-americano. Usando
interpostas pessoas, os EUA deram a sua integral cobertura às mais
tenebrosas Ditaduras e às mais corruptas “Democracias” (ou vice-versa).Com este trabalho, julgamos ficar demonstrado que a acção dos EUA, salvo
raras e honrosas excepções, nunca teve como objectivo primordial extirpar
tiranias e construir Democracias, mas sim impor o seu domínio
político-económico e exportar a sua “American way of Life”. Os Ditadores,
salvo as tais raras e honrosas excepções, só foram derrubados quando se
tornaram incómodos e decidiram fazer a sua própria política, à revelia do
Amigo Americano.Não sabemos, nesta altura em que concluímos o presente trabalho, qual será
o destino de Saddam Hussein, e esperamos que a redacção deste jornal nos
faça o favor de preencher essa lacuna, actualizando o que não foi
possível, por ser prematuro.Fernando J. Almeida
(3/4/2003)




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