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(pt) [segunda metade de entrevista da NEFAC à FAG] (en)
From
Worker <a-infos-pt@ainfos.ca>
Date
Tue, 4 Mar 2003 14:02:57 +0100 (CET)
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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
http://www.ainfos.ca/
http://ainfos.ca/index24.html
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[segunda metade da entrevista]
NEFAC:O que antevê a FAG sobre a presidência Lula? Dará algum espaço
para os movimentos de base respirarem ou é uma mera artimanha
que é essencialmente um gesto de impotência?
FAG:Para esta pergunta, ver texto em anexo com a opinião da FAG.
Está em inglês. Em breve estaremos lançando outro texto sobre
este assunto, que estará em nossa homepage e que enviarei para a
lista de discussão da SIL.
NEFAC: A FAG mantém um fórum aberto com outros anarquistas do Brasil,
em particular com os que são contrários da ideia plateformista?
como podem anarquistas organizados oferecer diálogo com os
outros grupos anarquistas, na esperança de os convencer da nossa
posição, e ainda assim mantendo um trabalho de organização
regular?
FAG: Mantemos com as organizações e grupos simpatizantes do
especifismo o que chamamos de Fórum do Anarquismo Organizado
(FAO) , que iniciou-se em Belém do Pará em meados de 2002.
Antes disto, tínhamos o que chamávamos de Coordenação Nacional
do Anarquismo Organizado, que devido às dificuldades de
distância não conseguiu se manter, pois exigia uma constância
maior de reuniões. De fato, temos tentando várias formas de
articulação nacional há muitos anos, e ainda não encontramos a
melhor forma. Nosso país é muito
grande e o preço para se deslocar é inacessível. Nos articulamos
mais facilmente por regiões, como nós aqui do Cone Sul, o
pessoal do centro-oeste, do leste, do norte, enfim, mas como
ainda são poucos os especifistas que conseguiram se manter ao
longo do tempo com um trabalho contínuo, sentimos necessidade de
nos encontrar. Também sentimos necessidade de ter um espaço de
convencimento e de relato de experiência para os grupos que
querem formar organizações anarquistas. Por isto, o FAO, que é
uma instância anual. Vamos fazer uma plenária do FAO agora durante o
FSM porque fica mais fácil para os companheiros de outros
estados conseguirem vir de graça para Porto Alegre. Outro espaço
de convencimento mais amplo, que é aberto a anarquistas de todas
as tendências e também à militantes de outras ideologias, são as
Jornadas Anarquistas, onde expomos nossa forma de trabalho. São
raros os momentos e oportunidades como esta de reunir um
grande número de pessoas de nosso país para falar da FAG e do
especifismo, dificultando a criação de outras organizações pelo
país. A internet tem suas limitações, ficando difícil fazer os
companheiros aproveitarem os erros e acertos de nossa modesta
experiência que felizmente já dura 7 anos, assim como fica
difícil para nós proveitarmos as experiências de outros grupos
e organizações.
NEFAC: Que tipo de contradições tem enfrentado a FAG ao tratar de
questõs como o sexismo e o racismo? Precisamos de ter um
movimento revolucionário unido na base da classe, ou haverá
espaço para outros se organizarem em separado dentro do
anarquismo de classe? (exemplo de ANITA)
FAG: Estamos desenvolvendo teoricamente um novo conceito de classe
social. Acreditamos que a luta de classes ainda existe, mas que
o conceito de class baseado somente no nível econômico é
inadmissível para fazer uma leitura da realidade de hoje, tanto
na América Latina quanto no mundo. Temos discutido e visto na
prática junto ao povo oprimido que a classe oprimida é composta
por um conjunto de fatores, que não somente o econômico: fatores
sociais, ideológicos, simbólicos, geográficos, políticos, de
gênero, de etnia, enfim, estes fatores ou alguns destes fatores
combinados definem quem é o sujeito oprimido e quem é o sujeito
opressor. No nível social e também político, acreditamos ser
necessário e imprenscindível uma discussão e uma prática
voltadas para a questão de gênero e de etnia, mas uma discussão
e uma prática que não se isolem e não se fechem em si mesmas,
porque a nossa classe já está suficientemente fragmentada e
(des)organizada em compartimentos pelo sistema que nos oprime
para sermos nós, anarquistas, a criarmos mais compartimentos e
mais fragmentos. Assim, se identifica as diversas opressões, mas
elas devem conversar entre si e se articular, e não criar mais
átomos de um povo já tão atomizado pelo capitalismo que esmaga
laços de solidariedade e apoio mútuo. O homem deve discutir e
praticar
ações quanto à questão da opressão à mulher, e o branco, o
índio, o negro e o amarelo devem coordenar ações quanto à
discriminação étnica.
NEFAC: Há algum paralelo com o modelo argentino das assembleias
populares que pudesse ter aplicação no brasil, no caso de um
agravamento da economia? E qual é a opinião da FAG sobre o
envolvimento dos anarquistas na situação argentina?
FAG: É bastante possível que haja uma crise como a da Argentina no
Brasil, está entre nossas avaliações para este ano que começa.
Um companheiro nosso esteve na Argentina para um encontro de
movimentos populares lá, e ficou bastante impressionado com o
que está sendo desenvolvido pelo povo em luta.
Os "espaços solidários" que tentamos fazer aqui eles fazem por
lá de forma bastante parecida, e também com a concepção de
independência de classe (independência de partidos, governos e
empresários). Estão com uma aversão profunda aos políticos,
inclusive os de esquerda, que são sempre rechaçados nas
assembléias, a não ser aqueles que trabalham de igual para igual
com o povo. Quem não está lado a lado, militando no dia a dia
nos piquetes e espaços solidários, é imediatemente rechaçado e
ridicularizado. O que o povo está construindo na Argentina é um
exemplo para todos os povos latino americanos que ainda estão
dormindo, como o Brasil. Acreditamos que esta situação é um
prato cheio para qualquer organização anarquista militante
acrescentar a tudo isto uma estratégia de construção de um poder
paralelo. O que em nossa avaliação está faltando na Argentina é um projeto
de Poder Popular, uma estratégia, para que realmente se possa
configurar uma tranformação social. Há a espontaneidade popular,
mas não há um (ou mais) grupo político que consiga fazer esta
vontade de luta construir um projeto de gestão real do país em
todos os níveis, construindo um poder paralelo.
Não temos informações da concreta atuação dos companheiros
argentinos nos movimentos populares de lá, o que temos são
relatos dos movimentos sociais em si, mas não dos anarquistas
atuando dentro destes movimentos.
Gostaríamos de saber mais como atuam, o que têm proposto, como a
organização anarquista está conseguindo sobreviver a tanta
demanda social, onde concretamente estão inseridos, se estão
construindo uma proposta de Poder Popular, como é a articulação
com as demais correntes de esquerda, enfim, gostaríamos muito de
ter estas informações porque será um aprendizado para nós, que
provavelemente vamos passar por situações parecidas no ano que
está chegando e muit nos interessa uma articulação no nível
social com os movimentos onde nossos companheiros argentinos
estiverem inseridos.
NEFAC: Tem sido notado que o Fórum Social mundial se tem vindo a
diluir cada vez mais com a política liberal. O FSM parece ao
mesmo tempo uma oportunidade e um inconveniente para a
organização da FAG na vossa cidade capital de rio Grande do
Sul...como continuou o grupo a manter um nível de participação no
Fórum? Haverá novas Jornadas Anarquistas em 2003?
FAG: Nossa crítica ao FSM continua a mesma: é um fórum de propaganda
para os governos de esquerda, onde eles tentam conseguir apoio
político e estrutural em níveis internacionais ao seus projetos
de gestão humanitária do capitalismo (nacional-desenvolvimentismo), usando
para isto os movimentos sociais como vitrine de sua suposta "democracia e
participação popular".A FAG não participará de nenhuma forma do FSM este ano. Estamos
organizando desde as organizações populares onde estamos
inseridos um Encontro Latino Americano de Organizações Populares
Autônomas, que será realizado durante o FSM mas não faz parte da
programação nem da estrutura do FSM. É um encontro de
organizações combativas que se posicionam contra a dependência
dos movimentos a partidos, governos e empresas, e vamos discutir
que tipo de articulação podemos construir desde nossos locais de
inserção. A FAG estará presente através dos Comitês de Resistência
Popular, do Coletivo Estudantil, do CMI (IMC) e do Movimento dos Catadores
deMateriais Recicláveis, que são as organizações sociais onde
estamos inseridos e que estão organizando o Encontro. Vamos
intervir nas marchas do Fórum (a de abertura e a contra a ALCA,
dia 27) com uma coluna própria que vai agir de forma
diferenciada nas mesmas, tentando expressar nossa crítica ao
FSM, que se não serve para impulsionar lutas, apenas candidaturas, não nos
serve pra nada.No nível ideológico, vamos fazer a plenária do Fórum do
Anarquismo Organizado, reservada àquelas organizações e grupos
que têm a intenção de se organizar em seus estados enquanto
federações anarquistas, e também haverá a segunda edição das
Jornadas Anarquistas, como propaganda de nossas idéias de
anarquismo organizado e inserção social. Nas Jornadas deste ano
haverá a abertura de oficinas, assim, os grupos que quiserem oferecer
oficinas, relatos de experiências, o que seja, terão espaço para
isto.
Saudações Libertárias!
Não tá morto quem luta, quem peleia!
Luciana
Sec.Relações - FAG
[Tradução de M.B. para A-Infos]
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