A-Infos (pt) MÍDIA: Polícia grega teme anarquistas

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Publicado no Diário de Notícias de 20-6-2003:

«Uma fortaleza longe do mundo real
L. N.
Oficialmente, esta será a cimeira de Salonica mas, na realidade,
os líderes da União Europeia (UE) estão reunidos numa estância
turística chamada Porto Carras. O local fica a 150 quilómetros
da segunda maior cidade grega, numa das três penínsulas aqui
conhecidas por «pernas». A paisagem é suave, mediterrânica,
feita de enseadas tranquilas e praias com água cor de safira. Ao
longo da estrada, ficam as casas de praia dos habitantes de
Salonica. O acesso é sinuoso e, em todas as sextas e domingos, o
trânsito entope a via, formando enormes engarrafamentos.

A geografia permite perceber até que ponto esta cimeira está a
perturbar a vida normal das gentes da região. As autoridades
aconselharam as pessoas a não irem à praia ou para as suas casas
na zona da cimeira. O mais certo é que haja uma desobediência
geral. Por outro lado, a polícia grega teme as manifestações de
anarquistas e de grupos anti-globalização, que estarão ao lado
de críticos da União Europeia, como agricultores prejudicados
com a reforma da Política Agrícola Comum.

É visível uma certa psicose do atentado. Unidades da polícia,
algumas aparatosamente armadas, controlam cada cruzamento de
estradas, isto a partir de Salonica, com um aumento do
dispositivo na entrada da península de Chalkidiki e nas águas em
volta. A força soma 15 mil homens, para um número de
manifestantes que poderá não ultrapassar os dez mil.

Em Porto Carras, a segurança é impressionante. Os líderes foram
transportados em helicópteros militares e mesmo o centro de
Imprensa (onde nenhum objecto entra sem passar no detector de
metais) fica a uma distância conveniente dos locais de reunião.
Polícia anti-motim e unidades da marinha e exército equipadas
com mísseis terra-ar completam o dispositivo.

Hoje, os manifestantes anti-globalização deverão tentar atingir
Porto Carras, embora tenham escassas possibilidades de o
conseguir. Não foi a infra-estrutura que justificou a escolha do
local, em vez de Salonica, onde muitos comerciantes optaram por
fechar os estabelecimentos, com medo de eventuais destruições.
Neste clima, talvez muitos gregos fiquem em casa, em vez de irem
para a praia. Mas, no fundo, poucos percebem. Cada vez mais,
estas cimeiras parecem decorrer em fortalezas fora do mundo
real, com lirismo por paisagem e povo à distância de segurança.»






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