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(pt) MIDIA ALT: La Jornada - O levante Zapatista de 1º de janeiro
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worker <a-infos-pt@ainfos.ca>
Date
Fri, 17 Jan 2003 15:48:05 -0500 (EST)
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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
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> Emilio Gennari (Tradução)
O Comando do EZLN rompe o silêncio e toma San Cristóbal
Hermann Bellinghausen. La Jornada, 02/01/2003.
San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 1º de janeiro. Na que até
agora é a mais numerosa concentração das bases de apoio do
Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), mais de 20 mil
indígenas e camponeses literalmente tomaram esta noite a cidade
de San Cristóbal. Procedentes de todas as regiões do Estado, uns
20 mil facões nas mãos de tzotziles, choles, tojolabales e
zoques repicaram como sinos na avenida Insurgentes durante as
mais de três horas que levou para encher a praça central desta
cidade numa coluna que parecia interminável.
A manifestação se encerrou com uma concentração presidida pelo
comando do movimento zapatista. Os comandantes Esther, David,
Tacho, Fidelia, Omar, Mister e Bruce Lee se dirigiram à multidão
com sete discursos que, caso ainda houvesse alguma dúvida,
rompem completamente o silêncio de quase dois anos do EZLN.
Através deles, o Comitê Clandestino Revolucionário Indígena do
EZLN respaldou reiteradamente o Subcomandante Marcos. ?Dizemos a
vocês que, quando o Subcomandante Marcos diz que apóia a luta
política dos povos, a dizer isso somos todos nós homens,
mulheres e crianças zapatistas?, expressou o Comandante Mister.
A Comandanta Esther dirigiu ?algumas palavras? ao Senhor Vicente
Fox: ?Só digo a você que o povo está desencantado por causa das
enganações que você fez?.
Após mencionar as ameaças de desalojamento nos Montes Azuis,
envolta no mesmo xale branco com desenhos de flores que deu a
volta ao mundo da tribuna do Congresso da União há quase dois
anos, a Comandanta perguntou: ?Onde está a paz? Você não se
importa de pôr a perder o esforço dos que te fizeram
presidente?.
Poucos dias antes, os indígenas diziam: ?Vão ter que ampliar a
cidade de San Cristóbal para que possamos caber?. Na noite de
hoje deu pra ver que não era fanfarronice: os zapatistas lotaram
as ruas e não couberam na praça da catedral. De acordo com os
especialistas, aí há lugar para umas 18 mil pessoas. Hoje não
foi suficiente. Milhares de nativos tiveram que permanecer nas
ruas próximas durante a concentração.
A manifestação, aguerrida como poucas, foi concluída perto da
meia-noite com milhares de tochas acesas iluminando de vermelho
o ar com suas chamas. E voltaram a ressoar os facões, os
machados, as picaretas e outras ferramentas de trabalho.
Desde a manhã, começaram a se reunir nas proximidades desta
cidade milhares de indígenas procedentes de Los Altos, mas a
marcha não começou até às seis da tarde, quando chegaram os
últimos contingentes que vinham do Aguascalientes de La
Realidad, e que fizeram cerca de 15 horas de estrada.
As palavras de ordem que foram se juntando durante o dia todo em
faixas e cartolinas, esta noite, foram gritadas em coro, sem
cessar, pelas bases de apoio zapatistas. ?Os três poderes do
governo são racistas. Fox e igual a Zedillo. O PAN é igual ao
PRI?. Volta e meia, gritaram: ?Não ao terrorismo de Bush e Bin
Laden?, e proclamaram seu apoio à luta política do povo basco.
Destacaram as expressões de saudação e admiração aos ?rebeldes
da Argentina?, e proclamaram a ?globalização da rebeldia e da
dignidade?. Apoiaram também a luta de Salvador Atenco (sem o
san), pedindo: ?Não deixem de lutar porque nós zapatistas
queremos liberdade?, assim como aos desobedientes italianos. Na
Itália, milhares deles estavam reunidos esta noite para
acompanhar ao vivo a concentração zapatista em San Cristóbal.
Gritando vivas ao Subcomandante Insurgente Marcos, ao CCRI, aos
municípios autônomos e aos insurgentes do EZLN, os manifestantes
deixaram clara a mensagem que os comandantes David e Omar
tornariam explícita por volta da meia-noite: ?Viemos para
dizer-lhes que aqui estamos e continuamos vivos. Não nos
rendemos. Não estamos desunidos e nem lutando entre nós. Por que
teríamos que lutar entre nós se ainda temos contra quem lutar?.
Volta e meia, chamando de ?mau governo? o de Vicente Fox, os
zapatistas de quase 40 municípios autônomos expressaram fortes
críticas aos partidos políticos que, em função de seus
respectivos interesses, se negaram a aprovar a lei COCOPA,
?porque não era bom pra eles que houvesse paz em Chiapas?.
No que foi o mais duro dos discursos, o Comandante Tacho chamou
o senador panista Diego Fernández de Cevallos de ?advogado de
criminosos?, e o acusou de opor-se à paz em Chiapas ?porque quer
ser presidente, inclusive antes de 2006, no lugar de Vicente
Fox, e ?transformar o país numa grande fazenda?. Do senador
priista Manuel Bartlet, Tacho disse que ele se opôs à lei COCOPA
e à paz para agradar às autoridades do Estados Unidos que o
investigam por narcotráfico.
Em relação ao PRD, disse que este partido apoiou unanimemente no
Senado a chamada lei Bartlet-Fernández de Cevallos-Ortega ?em
troca do governo de Michoacán?, e sublinhou que, com um único
senador a dizer não à aprovação, a lei teria sido novamente
discutida.
Esther dirigiu-se ao encarregado para a paz, Luis H. Álvarez, e
disse-lhe: ?você pôde escolher entre ser como Camacho ou ser
como Rabasa?, e lhe anunciou que as comunidades do EZLN já não
irão permitir sua passagem pelos territórios por elas
controlados, para deixar que ele ?reparta o dinheiro entre as
comunidades? para dividi-las, e diga que os zapatistas estão
?divididos? e ?outras mentiras?.
Em seu severo balanço sobre ?como estão as coisas no país e no
mundo?, o comando geral do EZLN não deixou de denunciar a
operação da TV Azteca contra o CNI, o canal 40; reconhecendo que
nem sempre os comentaristas do 40 foram objetivos em relação aos
zapatistas, apesar disso, o Comandante Tacho expressou o apoio
dos zapatistas aos trabalhadores da emissora agredida. ?Não
podemos ver como se impede? o trabalho informativo ?e ficarmos
calados?.
A Comandanta Fidelia dirigiu uma mensagem comovente às mulheres
?exploradas, desprezadas e violentadas?, e o Comandante Mister
reivindicou o direito dos indígenas a conhecer a situação do
mundo, ?a opinar e decidir?. Acusou o governo de ser ?racista?
por culpá-los de não conhecer o mundo e não ter direito de
falar, por exemplo, da luta do povo basco.
Diante da ?globalização da morte? que os poderosos impõem,
Mister proclamou o direito de todos a ?globalizar a liberdade?.
Aos zapatistas, disse, ?não nos dá medo falar da luta política
do povo basco?, e expressou um apoio especial à autodeterminação
da Venezuela e ?ao povo rebelde da Argentina?.
A cidade de San Cristóbal recebeu a tomada zapatista em
silêncio, com portas e janelas fechadas, e seus moradores
ouviram apenas aproximar-se o repique dos facões e das milhares
de vozes dizendo que não se rendem. Como disse o Comandante
Bruce Lee: ?Não temos que pedir permissão ao governo para sermos
livres?, e defendendo o direito universal da rebeldia,
arrematou: ?Não temos que pedir permissão pra nada?.
A manifestação zapatista desta noite é também a afirmação de
pertencer ao mundo e a força cidadã mais profunda dos povos
indígenas mexicanos da atualidade. Sabem que eles são capazes de
ensinar ao México e ao mundo, e não só de aprender.
Esta noite, enquanto a praça de San Cristóbal se enchia, uma voz
ao microfone solicitava: ?Companheiros, vamos ver se os que
estão mais adiante podem avançar?. Uma boa expressão que parece
soar como metáfora do que acaba de acontecer esta noite, que
terminou em chamas e fumaça na praça, e num eco de vozes e
instrumentos de trabalho (ou seja, de luta camponesa e
indígena).
O zapatismo civil indígena é um fato maduro. O racismo dos
poderosos já não poderá detê-lo. ?Esta luta está apenas
começando?, disse David em tzotzil e espanhol na última
intervenção dos comandantes zapatistas. E a noite foi inundada
por tochas. ?Façamos grande a luz para que os povos vejam que
mantemos a rebeldia?, disse David ao finalizar.
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