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(pt) MST espera reunir 10 mil manifestantes em São Gabriel

From a-infos-pt@ainfos.ca
Date Wed, 13 Aug 2003 23:30:28 +0200 (CEST)


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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
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de CMI Brasil
No município está a fazenda Alfredo Southall de mais de 13 mil hectares
que teve a desapropriação determinada pelo Incra suspensa pelo Supremo
Tribunal Federal. Há dois meses, os sem-terra partiram a pé de Pantano
Grande e andam cerca de 15 quilômetros por dia. Pretendem chegar em sete
dias.
São Sepé - Num momento em que se articulam no país os movimentos popular,
sindical e estudantil, no Rio Grande do Sul se organiza uma grande
manifestação em apoio à marcha do MST rumo ao município de São Gabriel. A
expectativa é reunir dez mil pessoas na chegada da marcha ao município
onde se localiza a fazenda de Alfredo Southall, de mais de 13 mil
hectares, pivô de toda a discórdia que colocou em confronto os sem-terra e
classe ruralista da região.
O MST partiu há dois meses de Pantano Grande, quando a desapropriação da
fazenda foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal. Desde então,
foram mais de 200 quilômetros de caminhada, sob chuva, frio e pressão dos
fazendeiros da região, que já haviam causado problemas para a vistoria do
Incra na propriedade de Southall. O objetivo do ato previsto para a metade
do mês de agosto, além de pressionar a justiça para reverter sua decisão,
é evitar a violência - iminente ao menos nas declarações dos ruralistas e
nas páginas da imprensa. A ofensiva contra a manifestação do MST tem
chegado a doses que beiram a comédia, para não dizer algo pior.
Terra nas veias

Os fazendeiros monitoram a marcha do MST como estrategistas num campo de
batalha. Munidos de binóculos lançam à noite foguetes que dificultam o
sono no acampamento vizinho. "É para eles verem que estamos aqui", diz um
produtor rural do município de São Sepé, que pediu para não ser
identificado, responsável pelo monitoramento do MST no último final de
semana. A articulação dos fazendeiros já fez com que trancassem a Ponte do
Verde, entre os municípios de Santa Maria e São Sepé, para impedir a
passagem da marcha e gerando um impasse de mais de 24 horas no final de
semana do dia 19 de julho. A obstrução de uma via pública se repetiu
quando os ruralistas trancaram os principais acessos ao centro de São
Sepé, há duas semanas. Dois funcionários públicos estaduais foram
afastados de seus empregos por terem apoiado o movimento sem-terra na sua
passagem pela cidade. "Todas as informações indicam que se trata de um
novo caso de retaliação orientado pelos líderes dos ruralistas de São Sepé
junto ao governo do Estado", diz o texto divulgado pelo gabinete do
deputado estadual do Rio Grande do Sul Fabiano Pereira (PT), que
encaminhou ao governo um pedido de informações sobre os dois casos.
Na cidade, todos sabem que houve pressão dos produtores rurais - fato que
ninguém confirma, obviamente. Os ruralistas desejam a suspensão da marcha
e aguardam uma decisão da justiça neste sentido. "O problema não é esta
marcha, mas o retrospecto do MST", afirma o mesmo produtor rural, que
prefere não se identificar. Como não houve ocupação de prédios públicos
nem de propriedades privadas, os fazendeiros procuram criticar até mesmo a
disposição das bandeiras no mastro do MST - a do movimento está acima da
do Rio Grande do Sul.
Ao pedir a suspensão ao STF, a alegação foi de que os mais de 13 mil
hectares desapropriados eram produtivos e que a vistoria do imóvel teria
ocorrido de forma irregular, sem data e hora marcadas. Segundo o Incra, a
área é improdutiva e a vistoria foi notificada em novembro de 2001, e só
não realizada na data marcada porque proprietários rurais impediram,
construindo barreiras na estrada de acesso. Assim que os fiscais tiveram
autorização para desobstruir os obstáculos, a vistoria foi feita.
Conflito imaginário

O palco dos acontecimentos é uma das regiões mais atrasadas do Rio Grande
do Sul e tem na concentração da propriedade rural sua principal em
característica. Para se ter um exemplo, só em São Gabriel, dados do Incra
de 1998 demonstram que a ocupação das terras no município é muito
desigual. As propriedades maiores que 500 hectares ocupam 60% da área
rural. Para os ruralistas, nada mais natural.
A região, segundo eles, deve ser mesmo de grandes propriedades, seja pelas
características do solo propícias à criação de gado ou até mesmo pela
proximidade com a fronteira da Argentina e do Uruguai, área na qual a
ocupação foi historicamente desestimulada para evitar conflitos com os
países vizinhos. A reforma agrária viria com a divisão das terras entre
seus próprios filhos, defendem. "Tudo o que eu posso dizer é que nas
minhas veias corre terra", diz Alberto Costa, produtor do município de São
Gabriel.
Nos momentos mais ponderados, os ruralistas procuram apontar a miséria do
país como causa principal da situação em que a "massa de manobra" do MST
se encontra. Sua defesa é de que os produtores da região não podem pagar a
conta pela crise brasileira e que o processo de reforma agrária não pode
ser feito de maneira tão "traumática" como está acontecendo com a fazenda
de Alfredo Southall. Edson Borba, um dos coordenadores da marcha do MST,
acredita que há dois grupos distintos entre os ruralistas. Os organizados
pela Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e pelos
sindicatos fazem a disputa política, enquanto os demais pregam o confronto
físico como resolução do impasse. Ambos exploram suas bases, quanto mais
nos aproximamos de São Gabriel vemos que a maioria é composta por peões.
Vale a lógica do cabresto", diz Borba. Ele descarta qualquer possibilidade
de ocupação da fazenda de Alfredo Southall. Todos sabem que ao MST não
interessa ocupar a fazenda, até porque, caso isso ocorra, ela só poderá
ser vistoriada em dois anos. Até, agora, porém, todas as notícias dão
conta de que o MST ruma para a ocupação da fazenda, uma mostra de que a
incitação à violência parte de outro lugar.
Neste momento, os agricultores sem-terra estão se aproximando do município
de Vila Nova do Sul, a cerca de 50 quilômetros do destino final. As
movimentações são acompanhadas pela Polícia Rodoviária Federal e pela
Brigada Militar. A marcha tem se deslocado cerca de 15 quilômetros por
dia, acampando na beira da estrada ou em propriedades cedidas por
simpatizantes do movimento. Em São Gabriel, o MST pretende permanecer na
propriedade de Vitérbio Rocha, produtor do município que foi um dos
primeiros a tomar iniciativa de colocar suas terras à disposição. Os
ruralistas estão se articulando para se postarem na sede campestre de um
CTG (Centro de Tradições Gaúchas), na entrada de São Gabriel. A Brigada
Militar, que acompanha as movimentações junto com a Polícia Rodoviária
Federal, espera contar com um efetivo de 600 pessoas.
Fonte: Reportagem de Andrey Damo, Daniel Cassol, Micheline Michaelsen e
Vitor Vecchi, Agência Carta Maior.


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