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(pt) Bonaventure, uma escola libertária - Parte I
From
Worker <a-infos-pt@ainfos.ca>
Date
Thu, 27 Jun 2002 17:04:00 -0400 (EDT)
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A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
http://www.ainfos.ca/
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Bonaventure, uma escola libertária - Parte I
Thyde Rosel é um dos criadores de Bonaventure, e conta aqui um pouco da
história dessa escola, que se confunde com tantas outras experiências
libertárias no campo da educação.
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Agência de Notícias Anarquistas > Conte como nasceu Bonaventure.
Bonaventure < Thyde Rosel e Jean-Marc Raynaud tiveram a iniciativa de
criar uma creche autogestionária na ilha d'Oléron, com um grupo de
trabalho local composto por pais e professores da creche. Aí começamos a
pensar sobre a criação de uma escola libertária. Foi escrito um projeto
e divulgado no movimento libertário francês. Participamos de mais ou
menos cinqüenta conferências para apresentar o projeto. Como tínhamos o
apoio do movimento libertário e alternativo, abrimos a escola em 1993,
em d'Oléron, já que não havíamos encontrado nenhum grupo capaz de fazer
isso em outro lugar.
ANA > Quantas crianças estudam em Bonaventure?
Bonaventure < Atualmente uma dezena de crianças, com idade entre 3 e 11
anos. E mais um/a professor/a, um/a animador/a, os pais, os membros da
associação (uma centena), os membros da rede e todos/as os que apóiam o
projeto a qualquer nível.
ANA > Qual o perfil dos pais das crianças que estudam em Bonaventure?
Bonaventure < Existem famílias que não tem escolha: crianças com
dificuldades recusadas pela escola dita normal (2 por ano). Há famílias
descontentes com o sistema educacional, motivadas por sua raiva e sua
decepção (famílias locais muito pouco politizadas, 3 ou 4 por ano). Há
poucas famílias libertárias (1 por ano). Existem as famílias
politizadas, ecologistas, alternativas etc. (2 ou 3 por ano). Uma ou
duas famílias marginalizadas, mas que as crianças vão muito bem aqui.
Duas ou três famílias convencidas pela pedagogia de Bonaventure, que nos
acompanham nos encontros e participam das reuniões comuns.
ANA > Há quanto tempo começaram?
Bonaventure < Como havíamos dito, a abertura da escola aconteceu em
1993, mas o projeto começou em 1992. As aulas foram interrompidas no
período de 2001-2002, por causa de problemas administrativos.
Bonaventure nunca solicitou ter a condição de escola privada. Mas desde
três anos atrás, o Estado francês, no marco da sua luta contra as seitas
"redefiniu" a lei escolar francesa. Fomos obrigados a pedir a condição
de escola privada, mas como não pagamos os professores, estes são
professores da escola pública francesa que trabalham em Bonaventure dois
ou três anos e retomam seu posto na escola do Estado. Para abrir uma
escola privada é necessário ter um diretor "acreditado". Se um professor
que vem da escola pública se converte em diretor de uma privada, perde
seu posto... e como não podemos pagá-lo, não podemos abrir. Os
representantes da escola do Estado nos vigiam e vem com regularidade na
escola, para ver se estamos cometendo alg uma ilegalidade. No momento
não temos encontrado nenhuma solução, já que não contamos com o
suficiente apoio do exterior (movimento alternativo ou libertário) para
pagar um responsável pedagógico.
ANA > O que mais vocês fazem na escola?
Bonaventure < Neste ano organizamos cafés-filosóficos e animamos uma
rede de intercâmbio de conhecimentos. No ano que vem inauguraremos
sessões culturais: teatro, música... Faremos também cursos de
alfabetização e organizaremos classes para os jovens que já não estão
escolarizados. Também animamos um grupo de reflexão sobre educação e
participamos de trabalhos educativos franceses e internacionais.
ANA > Possuem local próprio?
Bonaventure < Sim, temos uma casa que construímos em menos de dois
meses, num mutirão libertário internacional, onde nenhum dos
participantes sabia manejar uma palha. Isso nos trás boas lembranças! A
casinha tem 100m², o material pesado (o primeiro computador, a copiadora
e o micro-ônibus) foi comprado graças às assinaturas. Muito material foi
oferecido. Tudo é propriedade coletiva da associação.
A escola fica na ilha d'Oléron, em Charente Maritime, uma cidade de
20.000 habitantes, com uma taxa de precariedade equivalente ao dos
mineiros do Norte (Lille) e de Marseille.
ANA > Financeiramente, como funciona Bonaventure?
Bonaventure < A construção da escola e sua habilitação foram financiadas
através da venda de partes da propriedade a 500 francos. Gastos
pedagógicos, salários, eletricidade... são financiados através de
assinaturas (correntes de apoio, doações...) e através da venda de
produções de Bonaventure (folhetos, livros, adesivos, criações das
crianças, cartazes...). A escolarização é gratuita, somente é
obrigatória a adesão na associação.
ANA > Qual a dinâmica pedagógica de Bonaventure? Existem provas? Quais
as disciplinas?
Bonaventure < Bonaventure funciona sobre o modelo de uma classe única de
pedagogia Freinet, mesclando nas classes idades e níveis. A
escolarização se leva a cabo com base nos ritmos de aprendizagem
fundamentais das crianças. Cada ciclo é trabalhado com projetos
elaborados conjuntamente pelas crianças e os educadores, como um
contrato. Durante e ao final de cada contrato, existem auto-avaliações
que é exercida pelo próprio aluno, e uma pelo grupo. A escola, em
conjunto, se avalia permanentemente através do "A.G.", e são avaliados
também externamente por uma comissão chamada "de olhar exterior",
formada por sociólogos, psicólogos, professores/as... que simpatizam com
o projeto, mas não participam dele diretamente.
É distribuído material "tradicional" pela manhã; atividades artísticas,
desportivas, manuais... pela tarde.
A participação na vida institucional da escola e sua gestão
(autogestionária) fazem parte do processo educativo (aprendizado da
cidadania) e por isso, se submete a avaliação.
O curso escolar, assim como a vida na escola, se efetua ao ritmo de
acompanhamento, de ajuda mútua. Nos projetos, Bonaventure efetua
regularmente visitas a diferentes estruturas (agrícolas, econômicas,
culturais, sociais...) alternativas.
No final do período escolar, Bonaventure prepara as crianças para a
entrada no colégio e, em caso de partida, antes que isso ocorra, ela é
preparada para o retorno à norma escolar.
ANA > Vocês utilizam a televisão, computador, internet... como
ferramentas pedagógicas?
Bonaventure < Nós não utilizamos bastante, como eu gostaria. Somente
para trabalhos escritos para o jornal das crianças e correspondência
escolar, trabalhos escolares com programas de informática, utilização de
filmes relacionados aos assuntos tratados em sala.
ANA > Existe algum livro que conte a experiência de Bonaventure?
Bonaventure < Sim, existem três. "L'avant-projet: Bonaventure une école
libertaire, pourquoi, comment", de Thyde Rosell e Jean-Marc Raynaud, já
esgotado; "Bonaventure une école libertaire collectif", balanço de uma
república educativa; e "La farine et le son", uma obra coletiva.
ANA > Existem outras escolas libertárias na França?
Bonaventure < Não, mas Bonaventure abrirá uma segunda escola na França,
em Besançon. No começo será uma rede de intercâmbio de conhecimentos,
sessão de alfabetização e, em dois ou três anos, uma escola libertária.
ANA > Vocês têm contato com a Escola Livre Paidéia, da Espanha?
Bonaventure < Somente através de correio. É uma pena. Intercambiamos
nossas revistas. Temos contato com o movimento de educação popular do
Senegal e com escolas senegalesas, desde a abertura de Bonaventure.
Temos conseguido trabalhar cooperativamente com essas escolas; temos
contato com Summerhill e com o movimento das escolas democráticas, o
IDEC (International Democratic Education Conference). Também temos
alguns contatos aleatórios com escolas libertárias que devem ser
criadas, uma ou duas na Espanha (não temos muitas notícias), e uma em
Turim, na Itália. Nós, como escola membro do movimento Freinet,
participamos na interação entre educação libertária e educação popular.
Nota: colaborou Eva Vela Bru, Valencia, Espanha.
Continuará...
Agência de Notícias Anarquistas-ANA
"Oh peixe, peixinho dourado
Cuide bem de si
Porque são tantas as armadilhas,
tantas as redes armadas para você neste mundo".
Epígrafe de "Peixe Dourado", de J.M.G.
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