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(pt) FAU: Acção directa no Uruguai (ca,en)

From Worker <a-infos-pt@ainfos.ca>
Date Sun, 4 Aug 2002 06:01:55 -0400 (EDT)


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      A - I N F O S  S e r v i ç o  de  N o t í c i a s
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DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA URUGUAIA PARA A OPINIÃO PÚBLICA

CONTRA OS INCANSÁVEIS PRODUTORES DE MISÉRIA ACÇÃO DIRECTA POPULAR
O modelo chamado neo-liberal expandiu-se sem limites nestas duas últimas 
décadas. Globalizou o seu conteúdo a grande parte do mundo. Mostrou com 
descaramento o seu rosto cínico. Foi produzindo mais e mais miséria para 
os povos. Uma miséria cortante, desapiedada. As suas transnacionais 
semearam com prepotência e de cara descoberta, a morte. A sua fria 
gadanha destruiu corpos e ilusões. Foram o capital financeiro, as 
indústrias farmacêuticas, as de patentes, a indústria de armamentos 
entre outras.
Uma articulação coerente marchou com  uma intenção comum: acumular mais 
riquezas e poder em mãos de uns poucos e semear por todo o lado uma 
desesperante miséria, provavelmente nunca vista.

Foram destruindo até onde puderam as melhorias, as conquistas 
conseguidas numa prolongada, sacrificada e sangrenta cadeia de lutas 
populares  através de um longo caminho histórico.

Isto  sucedeu a muitos povos em diferentes continentes. Ocorreu ao nosso 
povo uruguaio. Esse  país-modelo que foram arrastando desde o poder com 
cinismo e evocações constantes à "democracia" e  ao "nosso estilo de 
vida" para repartir a riqueza e o poder entre uns poucos.
Foi para obedecer aos mandatos imperiais através dos seus 
macro-organismos internacionais, para que o capital financeiro e as 
grandes transnacionais deixassem o país esgotado. Os banqueiros ladrões 
contaram sempre com a impunidade para o seu trabalho sujo. Os bancos 
esvaziavam-se e eles restauravam-nos para que eles continuassem a roubar.
Neste ponto chega o "amigo" Atchugarry. O "salvador" com sorriso de 
Drácula. O ministro do "milagre". E como um conto do vigário quase todos 
vão declarar que nasceu uma esperança. Esquecem o pano de fundo que é o 
que importa e não notam o tão velho e gasto 'gatopardismo'.

A nossa gente vai-se afundando na miséria. Não há trabalho, não há 
comida.  A fome lacera as entranhas e embota a sensibilidade. Os filhos 
pedem o pão que não existe. Restos de comida de caixotes de lixo começam 
a ser um recurso ante a necessidade dolorosa dos corpos.
Agora vêem com discursos e mais discursos, de diferentes origens, todos 
falando de dificuldades, de salvar o sistema financeiro, de que se 
deveria desenhar uma política que atenda aos problemas do país. Todo 
isto feito com esse tempo de pessoas satisfeitas que comem bem todos os 
dias, além de outras coisas. Campeia  o cinismo repugnante, a demagogia, 
a insensibilidade face à situação que têm os de baixo.

E a realidade chega gritando. Irrompem as gentes pelos supermercados. 
Tomam a mercadoria em 16 deles e tentam o mesmo sem consegui-lo em 
outros 14. A explosão da fome que não  espera.

A resposta oficial é a de sempre: repressão. Grande aparato policial, 
nalguns lugares empunhando armas, disparando balas, batendo com matracas 
menores e mulheres que correm com um pacote de farinha,  de massas ou de 
arroz. Há presos, feridos e um jovem de 15 anos em estado grave por 
golpes brutais da polícia.

Então, neste mundo orweliano, o verdugo é o bom e os "miseráveis" os maus.
A maioria dos políticos e meios de comunicação colocam  o acento neste 
distúrbio, neste "ataque à propriedade privada". Quanto aos 
"miseráveis" escapados das páginas de Vítor Hugo  passam a ser os 
satânicos "desestabilizadores" que urdiram estratégias perfeitas.
Atiram a matar contra os malvados que querem comer todos os dias. Pensam 
em Medidas de Segurança.

EXISTE UMA LUTA DO CAPITAL FINANCEIRO  E DAS TRANSNACIONAIS CONTRA O ESTADO?

Uma falácia. O Estado, todo o seu "aparato ideológico" e jurídico têm 
estado da dar espaço para o avanço brutal das transnacionais de diversas 
  origens. São as leis e políticas gerais constantes que lhes 
possibilitam o agir e operar. São ideias, todo um material simbólico, o 
que está sendo injectado no quotidiano para justificar o genocídio da 
população.
Os planos vêm das grandes potências, como o G7 (ou G8), e são planos 
político-económicos. Implementa-se o modelo através de grandes 
organismos político-económicos como OMC, FMI, BM, BID. Isto é conhecido, 
mas convém relembrá-lo, pois são muitos os distraídos ou amnésicos que 
desejam salvadores mágicos. O poder dominante não tem em conta o tecido 
social.

A opção que se nos apresenta de momento, de tipo táctico, de luta contra 
as privatizações, não pode fazer-nos perder a perspectiva e focalizar as 
nossas esperanças e energias  algo alheio aos interesses populares e 
somente capaz de produzir e reproduzir privilégios assim como repressões.

As diversas instâncias do sistema  reforçam-se mutuamente e produzem 
este modelo operacional e brutal. As forças sociais antagónicas não 
estão tidas em conta  nestes circuitos consagrados, apenas enquanto aos 
seus "efeitos".
Esses "efeitos" que consistem em todo um conjunto de oprimidos. As 
mudanças a esta dinâmica perversa não virão pelos  canais rotineiros, 
enganosos e cínicos que o sistema sugere, com terrorismo ideológico, 
como sendo somente os legítimos. Este modelo só pode oposto mediante a 
confrontação e mais  nada se lhe pode opor.

JOGANDO O JOGO DA EXCLUSÃO E DA CONTENÇÃO

Está este campo composto por um amplo espectro de forças sociais e de 
pessoas que jogam, conscientes ou não, para que o sistema continue  a 
funcionar tal qual está, apenas com alguns remendos, no máximo. Gritam 
aos céus quando surge algo fora do imaginário virtual. São estes os que 
se identificam com o sistema ou os opositores co-optados, funcionais, 
que continuam mergulhados num universo de perversa fantasia. São, em 
geral:  pessoas falidas, rotineiros da política, os que descobrem hoje 
os ovos da  serpente e pensam que são de oiro, os "espertos", os 
ingénuos políticos, os iludidos por esta teia de aranha simbólica que 
tem hoje em dia mais poder que nunca,
bem-intencionados que fazem sorrir o diabo quando os vê chegar por este 
caminho tão gasto e concorrido.

Um mundo novo está emergindo fora das estruturas clássicas. Sabe-se o 
que não serve e procura-se o que sirva. Chocará também com certo 
imaginário social político de quem se entrega a seus representantes ou 
vanguardas. Haverá muitas cacetadas teóricas, políticas e as clássicas 
que deixam nódoas negras e cabeças partidas.

É uma realidade, a miséria está a destruir os corpos e as esperanças de
gerações inteiras, assassinando os nossos filhos já neste momento. Isto
não é retórica, mas um facto do dia a dia, cruel, desumano e palpável.

Também não ignoramos, seria estúpido e estéril fazê-lo, que é preciso
trabalhar por atender a problemas imediatos, por melhorias, por defesa de
tantas conquistas espezinhadas. Mas tudo isso como questões conjunturais,
sem criar falsas ilusões e, em vez disso, tentando acumular forças para a
mudança verdadeira.

ESTÃO A  ASSASSINAR OS NOSSOS FILHOS, "CARAJO"!

Repetimo-lo. Sim, com este terrível manto de miséria estão a assassinar 
os nossos filhos, estão a  assassinar os pobres em geral.  E os pobres 
aumentam a cada dia que passa. Crianças maltrapilhas e esfomeadas 
vêem-se  em todos os pontos do país. Pedindo uma moeda, limpando os pára 
brisas, roubando uma carteira, desmaiando de fome, comendo restos, 
formando bandos para roubar outros pobres, batendo às portas para pedir 
qualquer coisa para comer, com carrinhos de mão repletos de nada, com 
sangue cheio de chumbo, recolhendo restos nos caixotes de lixo. Vendo o 
mundo com ódio e desespero, sem jogos infantis nem alegria, com lares 
desfeitos, vendo opulência  agressiva e hostil de uns poucos. Assim 
estão vivendo grande parte de nossos filhos. Assim vive grande parte do 
nosso povo.

Como sempre, os povos procuram saídas e a luta é a  sua ferramenta. Irão 
deste modo pondo em prática uma estratégia verdadeira para resultados 
imediatos urgentes e para sonhos futuros.

COM A DIGNIDADE DO POVO; SEMPRE.
VIVAM OS QUE LUTAM.
Federación Anarquista Uruguaya





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