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(pt) Coletivo Anarquista Luta de Classe: 2 ANOS DO MASSACRE DE CAARAPÓ!!
Date
Thu, 28 Jun 2018 07:26:18 +0300
Nesse dia 14 de junho de 2018 completam 2 anos do Massacre de Caarapó, onde o lutador e
agente de saúde Guarani Kaiowa Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza foi assassinado. Oito
chegaram a ser hospitalizados e mais de 20 guarani kaiowa foram feridos, incluindo
crianças e idosos. ---- Dois dias antes do ocorrido, o povo Guarani Kaiowa havia retomado
490 hectares da Fazenda Ivy que se sobrepõe ao território ancestral guarani Tora Paso, num
processo histórico de recuperação do território de que foram expulsos pelo avanço da
fronteira agrícola do capital com o total e pleno incentivo do Estado de Mato Grosso do
Sul governado nos últimos tempos tanto por PSDB, PMDB como pelo PT. ---- Os fazendeiros da
região não aceitaram que o povo Guarani Kaiowa retomasse o que é deles por Direito
Originário. Era uma terça-feira, 14 de junho de 2016 quando um grupo de mais de 300
pessoas compostas de paramilitares, jagunços, milícia privada em conjunto com as forças
oficiais de repressão do Estado (Departamento de Operações de Fronteira e Policia Militar)
a serviço dos fazendeiros da região de Caarapó, organizou-se com dezenas de caminhões,
tratrores e armas de fogo. Transformado num verdadeiro cenário de guerra, o acampamento
que hoje leva o nome Kunumi Poty Verpa, nome guarani kaiowa de Clodiodi, mas que na época
era chamado de Toro Paso, as forças de repressão de forma covarde, que é como atuam em
defesa dos interesses do capital, iniciaram um ataque contra a resistência guarani kaiowa
com a intenção de desmobiliza-la e expulsar as famílias guarani kaiowa de seu Tokoha,
"meteram sem miséria, tiro de 12, 38 e espingarda" disse Ruspo em sua música*.
Mas dando continuidade a uma resistência de mais de 500 anos, o povo guarani kaiowa não se
intimidou com as forças de repressão e permaneceu firme em seu território e enfrentou com
ajuda da força espiritual que Nanderu lhes promove, o ataque orquestrado pelo capital. Não
só resistiram a mais esse ataque etnocida, como responderam com o avanço nas retomadas de
seus territórios já pouco tempo depois do assassinato do Kunumi Poty Verá, na mesma região.
O estado do Mato Grosso do Sul chama a atenção por ser o olho do furacão do processo
etnocida anti-indígena que ocorre hoje no Brasil, despontando no cenário nacional não
somente com assassinatos, perseguição e criminalização de indígenas, como também em outros
problemas que atentam a direitos básicos como a mortalidade infantil decorrente da
desnutrição. É o que nos revela o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) com dados
contidos no documento: "As Violências Contra os Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul - E
as resistências do Bem Viver por uma Terra Sem Males", dados de 2003-2010.
De 2003 a 2010 houve 452 assassinatos de indígenas no país, sendo 250 somente no Mato
Grosso do Sul, ou seja, 55,5%, mais da metade! Também de 2003 a 2010 mais de 4.000
crianças indígenas sofreram de desnutrição nesse Estado, sendo que em 2003 a taxa de
mortalidade infantil por desnutrição chegou ao horripilante número de 93 crianças para
cada 1000 nascimentos. Essa é a contradição. Povos que tiveram a agricultura como parte
essencial de seu desenvolvimento e cultura enquanto povo originário têm agora suas
crianças sofrendo em decorrência da fome e da alimentação industrializada, que é também
mais uma forma de violência e colonização contra os povos originários. As crianças hoje
sofrem porque seus pais não podem plantar, pois vivem sob a eminência de uma reintegração
de posse e de terem suas roças destruídas, quando isso não ocorre de forma proposital
mandada pelos fazendeiros. Ou também quando são envenenados com a pulverização aérea dos
grandes latifúndios, prática essa que não deve ser vista apenas como "consequência" da
utilização de determinado maquinário agrícola, mas sim, como arma de guerra e extermínio
etnocida contra o povo Guarani Kaiowa.
Por isso é necessário, que olhemos enquanto povo brasileiro para o que está acontecendo
com o povo Guarani Kaiowa no estado do Mato Grosso do Sul e apoiemos o seu processo de
retomada dos territórios ancestrais, dos quais foram expulsos em detrimento da exploração
dos recursos naturais pelas mãos do latifúndio, que sempre e somente produziu morte e dor
na vida destes povos que habitam há mais de milênios e conhecem essas terras melhor do que
todos.
Nós do Coletivo Anarquista Luta de Classe/PR, viemos relembrar o que ocorreu há dois anos,
porque a memória não pode ser esquecida. Após dois anos do assassinato de Kunumi Poty
Verá, o processo de demarcação de terras indígenas no estado do Mato Grosso do Sul
continua paralisando a política fundamental que possibilita tantas outras como a saúde, a
educação e o saneamento básico, por exemplo. Mas o estado é ruralista e deixa claro o lado
que assume na luta entre o capital e os povos originários. O assassinato de Kunumi Poty
Verá é exemplo disso, não há nada a esperar do Estado a não ser mais destruição dos
direitos básicos e repressão, criminalização de todos e todas que lutam e ousam resistir.
Usam de artimanhas jurídicas, como a tese do Marco Temporal, para travar o processo de
demarcação de território indígena, que sempre foi lento tanto em governos de direita
quanto nos ditos de "esquerda".
Se hoje o povo Guarani Kaiowa vive sob os resquícios de seus territórios originários, é
porque resistiu e conseguiu pela força de seu próprio movimento retomar o que um dia lhe
foi usurpado com o derramamento de sangue e o tombamento de lideranças de seu movimento de
re(existência). Consegue ainda se manter com o que vive hoje, mas o capital não permite e
vai fazer de tudo para retirá-lo de cima de seu território. Será somente com resistência e
organização da base que o povo Guarani Kaiowa poderá defender seu território e avançar nas
retomadas, coisa que já demonstrou saber fazer quando em abril desse ano fez a ministra do
STF Carmen Lucia, suspender os pedidos de reintegração de posse previstos para ocorrer nas
Tekoha Guapo'y, Jeroky Guasu e Pindo Roky tambem em Caarapó.
A partir dessa singela, mas honesta nota pública, viemos enquanto Coletivo Anarquista Luta
de Classe/PR contribuir e somar ao ato nacional convocado pelo Comitê de Solidariedade aos
Povos Indígenas de Dourados-MS, ato politico em memória dos 2 anos do Massacre de Caarapó
e dos 2 anos do assassinato de Kunumi Poty Verá!
(https://www.facebook.com/events/247785449103082/)
KUNUMI POTY VERÁ VIVE!!
TODO APOIO ÀS RETOMADAS DOS TERRITÓRIOS GUARANI-KAIOWA!!
NÃO AO MARCO TEMPORAL!!
Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas:
https://www.facebook.com/Comitedesolidariedadeaospovosindigenasdedourados/
A Assembleia da Retomada Aty Jovem (RAJ) vai ocorrer entre os dias 10 a 14 de setembro de
2018 no Território Indígena Porto Lindo, cidade de Japorã, e é um espaço importante de
organização e articulação da juventude Guarani e Kaiowá. Por dificuldades financeiras em
viabilizar esse encontro o movimento conta com a ajuda de apoiadores/as através de uma
vaquinha virtual:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/assembleia-da-retomada-aty-jovem-guarani-e-kaiowa
*Música: Ruspo - Meu Gloriodo Clodiodi
https://www.youtube.com/watch?v=NI3TeSpDiOQ
Letra:
PF de helicóptero
batendo asa nos barraco
(ferve a água prum mate...)
(relata:)
botaram fogo em tudo
tentaram enterrar
o corpo com a carregadeira.
os gatilho
foi pra defender
os novilho
vale mais que o quê
sem carícia
tirando os patrício
de caarapó
atiraram sem trégua
encapuzados da milícia paramilitar
atiraram sem trégua
milícia paramilitar
acertaram professores e lideranças
agentes de saúde e as crianças
rezadores e rezadoras e as guerreiras
guerreiros e guerreiras
e os patrício
o!
o fazendeiro louco
mete fogo em nós
meteu fogo em vários de nós
(e o cara do sindicato
mentiu na TV...)
meu glorioso clodiodi
meu glorioso clodiodi
meu glorioso mártir
meu glorioso mártir
meteram sem miséria
tiro de 12, 38 e espingarda
pra depois falar
que ninguém tava armado
então como foi que ele morreu
então como foi que ele morreu
arrastão de: jorge ben e gilberto gil, lily allen, beach boys
https://anarquismopr.org/2018/06/14/2-anos-do-massacre-de-caarapo/
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