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(pt) Comentários desde a Catalunha - agência de notícias anarquistas A.N.A. (en)
Date
Thu, 24 Oct 2019 09:22:25 +0300
O que aconteceu nos últimos cinco dias em Barcelona, Girona, Lleida e Tarragona mostra que
algo semelhante a Hong Kong está acontecendo aqui: um protesto que começa com objetivos
nacionalistas e democráticos também leva a uma revolta contra a repressão e injustiça.
---- O que acontece aqui não tem o caráter proletário de classe que as lutas no Chile ou
no Equador têm, mas nem tudo é canalizado pelo reformismo, pelo movimento que busca um
governo catalão autônomo. ---- A irrupção de uma geração muito jovem, cheia de amor e
raiva, transformou os movimentos de independência cidadãs em chamas contra o poder. Se
alguém se aproxima das noites de fogo, imediatamente observa que existem milhares e
milhares por trás de cada barricada, que existem pessoas muito jovens (15, 17, 19, 21
anos) e que, em muitos casos, são imprudentes demais, de pé um diante do outro frente aos
tiros de balas de borracha. Além disso, eles falam espanhol ou catalão, indistintamente, e
que a fraternidade da rua os faz ter uma atitude aberta a todos os tipos de slogans e
canções. As proclamações de independência são misturadas com as que condenam o ataque da
Turquia, o "governe quem governe, seremos ingovernáveis" ou "quem semeia a miséria, colhe
raiva".
Embora, para dizer a verdade, quando a noite cai, há poucas músicas, o que há é uma
intensa sensação de estar fazendo história e que isso dura muito tempo.
Aqueles que impulsionam e protagonizam os distúrbios são uma pequena minoria dos milhares
de pessoas que estão atrás, mas os sustentam, vestem e imitam simbolicamente, cobrindo o
rosto mesmo que estejam a quatro quarteirões dos confrontos, sentados em uma calçada.
Do que aconteceu há dois anos, se pode escutar a entrevista de rádio da época, e na
sequencia então são apenas notas urgentes do que aconteceu entre 14 e 19 de outubro e,
sobretudo, na cidade de Barcelona.
Invasão do aeroporto
A primeira resposta ante a sentença da frente independentista (que se encaixa em quase
todas as organizações dessa corrente) foi tratar de bloquear o aeroporto. Essa ação foi
coordenada por uma nova plataforma chamada Tsunami Democratic (Tsunami Democrático) e
caracterizada pela inovação tecnológica. Através de um aplicativo em que alguém pode sair
do celular (através de uma senha anterior dada por alguém de confiança), você se torna um
ativista no qual você é informado das necessidades do movimento, especialmente aqueles que
estão a um quilômetro de seu entorno: "falta gente em tal local, estão acatando em outro".
Até os coordenadores da questão, descobrindo que existem centenas de pessoas em um só
lugar, podem improvisar uma ação ali perto e surpreender as forças repressivas.
Nesse dia, vias e estradas foram bloqueadas no caminho para o aeroporto, cancelando mais
de vinte voos. As milhares de pessoas que colocaram seus corpos naquela ação daquele dia,
quase inteiramente, tinham um sentimento catalão ou anti-espanhol. É necessário saber que
muitos afirmam ter se tornado independentistas depois das agressões vistas ou recebidas em
1º de outubro de 2017.
Quando o Tsunami Democratic concluiu sua ação bem-sucedida, pediu (via aplicativo) que
abandonassem o aeroporto. No entanto, muitas pessoas que haviam acabado de chegar (muitas
delas andando quatro, cinco, seis ou mais quilômetros) decidiram ficar. Havia também
muitos independentistas radicais, por chamá-los de alguma forma. Independentistas
convencidos que, unicamente, os métodos pacíficos eram extremamente limitados e que a
esperada censura do governo espanhol pelos governos mais poderosos do mundo pode nunca
ocorrer. "Vocês fizeram do seu jeito e não funcionou, agora vamos fazer isso do nosso".
Resistiram no aeroporto e foram baleados com balas de borracha dura. São os mesmos
independentistas que desejariam que, após o êxito do referendo em 1º de outubro, o governo
catalão proclamasse a independência, se entrincheirasse no Parlamento e que, em uma
espécie de Maidan (Ucrânia), o cercasse e o defendesse.
As noites de fogo
Depois do aeroporto, a raiva contra a brutalidade usada naquela noite pela polícia, corpos
policiais catalães e espanhóis (jovens espancados, vitimados pelos gases, com perda de
olhos ou dentes) se espalhou. Também pelas recentes detenções de militantes dos Comitês de
Defesa da República (CDRS), acusados de terrorismo.
Quando foram realizadas manifestações (especialmente pelo mesmo CDRS) nas tardes de 15, 16
e 17 de outubro, membros do movimento de independência (pacífico e radical) e muitas
outras pessoas indignadas compareceram. Chegada a noite, aqueles que estão impulsionando
os distúrbios são independentistas radicais e muitos jovens cansados da sociedade
capitalista. Há também aqueles que há anos enfrentam o sistema capitalista em Barcelona,
"os antissistemas usuais", nas palavras do Conseller (ministro do Interior da Catalunha).
Aqueles que, apesar de sua longa experiência em resistência a despejos e ataques a
delegacias e bancos, ficam surpresos com a determinação desses novos companheiros de
barricada. Eles ficam surpresos que quase o único objetivo de seus vizinhos encapuzados
seja a polícia e o levantamento e queima de lixeiras para fechar a rua. Olham incrédulos
paras as vitrines intactas das imobiliárias.
A polícia catalã também se surpreende com as novas maneiras de agir: "É como se não
tivessem medo de nós, atacam nossas vans e tentam despejá-las, conseguindo isso duas vezes".
Marcha pela dignidade, greve e noite de raiva
Em 18 de outubro, em outra das ações convocadas pelo Tsunami Democratic, dezenas de
milhares de pessoas chegaram a Barcelona de vilas e cidades, mais ou menos distantes. Na
Catalunha, uma greve geral e manifestações foram convocadas. Em Barcelona, mais de meio
milhão de pessoas foram às ruas. Depois de desconvocadas as manifestações, o CDR convocou
um acampamento prolongado na Gran Vía, que desconvocaram ao ver que mais de dez mil
pessoas permaneciam atrás das barricadas em chamas, em frente aos cordões da polícia. Essa
desconvocatória no último minuto indica o grau de autonomia daqueles que protagonizam os
distúrbios. Ontem, especialmente, contundentes, principalmente por causa do número de
encapuzados correndo daqui para lá. A polícia e os políticos dizem que nunca viram nada
assim. A queima e destruição de lojas, durante a greve geral de março de 2012, foi
declarada o dia mais violento desde a Guerra Civil, mas quase todo mundo ressalta que a
noite passada foi mais contundente.
Nas quatro principais cidades catalãs, e nas últimas quatro noites, havia mais de cem
agentes feridos, oitocentos contêineres de lixo queimado, duzentos veículos policiais com
sérios danos. Foi especialmente surpreendente o uso de contêineres (cabines de construção)
para bloquear a rua e material de construção para quebrar a calçada em pedaços e fazer
projéteis. Também o uso de pirotecnia, pregos cruzados para perfurar rodas, bolas de aço
atiradas com estilingue e os tradicionais, mas muito poucos vistos por esses lados,
coquetéis molotov.
A repressão também foi brutal novamente, com perda de testículos, audição ou visão devido
aos impactos de balas de borracha, encurralamentos e espancamentos indiscriminados.
Sessenta detidos e mais de trinta hospitalizados. Incontáveis feridos e vítimas de gás
lacrimogêneo ou gás de pimenta.
Poucas horas antes do início de uma nova manifestação, convocada pela independência
radical, a fronteira de Jonquera ainda está bloqueada por manifestantes e medidas
governamentais, como a suspensão da partida de futebol Barcelona-Madrid, acontecem para
tentar reinar a paz dos cemitérios.
"Nenhum estado nos libertará"
Embora essa frase estivesse presente em uma das faixas das manifestações de ontem, muitos
mais celebrariam um estado catalão ou aqueles que, em vez de iniciar um processo
revolucionário internacional, se envolveriam em uma guerra inter-burguesa. No entanto, não
são poucos os que se lembram de que, quando a maioria dos atuais políticos presos ou
exilados estavam no Parlamento, durante o movimento do 15M de 2011, se tratou de bloquear
a entrada, impedindo-os de votar nos orçamentos da miséria. Quando aos gritos de que
"ninguém nos representa" e "que se vão todos", se resistiu aos ataques de seus policiais.
Havia detidos e os mesmos políticos disseram que todo o peso da lei (espanhola, mas não
importa) tinha que recair sobre os violentos que haviam fechado seu caminho, e também se
posicionando contra uma possível petição de perdão. Além disso, há certeza de que, se
esses mesmos presos políticos enfrentarem algum dia o governo de um estado catalão
independente, garantirão de incluir artigos de segurança nacional e repressiva contra
qualquer tentativa de revolução social.
De qualquer forma, de Hong Kong a Barcelona, de Paris a Santiago e Quito, parece que a
burguesia mundial ainda tem muitas noites insones por este aquecimento cada vez mais global.
Barcelona, 19 de outubro de 2019
Fonte: https://redlatinasinfronteras.wordpress.com/2019/10/19/comentarios-desde-cataluna/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
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